O menos pior

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Há tempos não falo de política. E assunto é o que não falta neste ano. Mas para mim, o assunto parece esgotado. Não pela falta de conteúdo, mas pela falta de paciência. A minha.

Gosto de falar de política. Gosto de debater ideologias. Gosto de comparar pontos de vista. Mas chega uma hora que cansa. Conto nos dedos de uma só mão a quantidade de pessoas com quem tenho prazer de conversar sobre política. A esses sempre estarei aberto à troca de ideias. Mas de resto, é perda de tempo. Um festival de insultos e desfiles de estereótipos.

Já tive meus dias de acalorados embates na web. A troco de quê? Não sei, pois se alguém ganhou algo com isso, não fui eu. E pior que isso vicia. Alguém posta um comentário contrário ao seu, você vai lá e rebate, fica com um sorrisinho de vitória, depois outra pessoa aparece e rebate em cima e a coisa não tem fim. Todo mundo é corajoso e dono da última palavra atrás do teclado.

Nunca soube de ninguém que mudou de opinião debatendo na web. Vi mudanças de pontos de vista sobre um ou outro assunto, mas não de ideologia. A mudança drástica de pensamento até pode vir da web, mas pela reflexão da leitura de artigos, blogs e notícias – e até de debates, desde que você seja um mero espectador do arranca-rabo. Aprende-se mais vendo outros debaterem do que metendo sua colher no caldo.

Mas falava de política e da falta de paciência. Se não tenho escrito nada sobre Lula, Obama ou as eleições é porque não há nada a dizer que já não tenha sido dito. A política no Brasil é mais uma piada (de mau gosto) do que uma bússola da nação. Se algo pode ser elogiado, foi o engenhoso trabalho de desconstrução e degradação do sistema político engendrado pela esquerda. Ao menos isso funcionou.

As esquerdas (petistas em especial) estragam tudo o que tocam. É o inverso do ‘Toque de Midas’ – o toque deles também começa com ‘M’, mas refere-se à outra coisa. E ainda posam de última esperança da humanidade. Criaram estigmas que martelam a cabeça das pessoas há décadas, manipulando temas de forma a fazer com que qualquer um que tenha opinião contrária seja vítima dos mais variados ataques. Ser de esquerda é heroico, ser de direita é vilanesco.

Basta dizer que você é de direita para que lhe atribuam adjetivos como ‘raivoso’, ‘reacionário’, ‘obscurantista’, etc. Basta dizer que é cristão e lá vem a pecha de ‘fanático religioso’, ‘retrógrado’, ‘conservador’ e por aí vai. Diga que é a favor do capitalismo para receber títulos de ‘burguês’, ‘elite branca’ e outros epítetos carinhosos.

Adoram evocar os 7 milhões de mortes causadas pelo nazismo (que dizem ter sido de direita), e ignoram os 100 milhões de mortos pelo comunismo – apenas um adendo: Nazismo significa “Nacional Socialismo”, e Hitler era membro do Partido dos Trabalhadores da Alemanha.

Mas experimente criticar um esquerdista. Subirão nos tamancos mencionando censura, democracia, liberdade de expressão e ao mesmo tempo quererão silenciá-lo para o resto da vida. Cansa discutir com crianças birrentas. Que chafurdem em seu próprio paraíso de insanidade. Impossível debater com pessoas cujo intelecto está abaixo da sarjeta.

Estamos presenciando, neste insólito segundo turno para eleições presidenciais, a disputa entre Serra (PSDB) e Dilma (PT) baseada, agora, em um único tema: o aborto. É o fim da picada. Que Dilma é favorável ao aborto, isso está escancarado há tempos. Que o PSDB está usando isso a seu favor para ganhar votos de religiosos, também está claro. Mas com tantas armas que o PSDB poderia usar para destruir a candidatura do PT, foram escolher logo o aborto? Tinham a faca e o queijo na mão com mensalão, corrupção, assassinatos, atos inconstitucionais, quebras ilegais de sigilos bancários e muitas outras coisas de que “nunca antes neste país” se teve notícia. E ainda dizem que o PSDB é oposição? Nem em sonho!

Como disse antes, é um horror declarar-se de direita no Brasil, e partido algum lançaria mão desse recurso. O mais engraçado nessa história é que o brasileiro, no geral, possui um comportamento mais conservador e de direita – só não sabe disso. Para ganhar votos, bastava algum político vir a público defender esses ideais, falando sobre moral e ética, política de meritocracia, valores da família, conservadorismo, redução de impostos, empreendedorismo, privatização, enxugar a máquina pública e outros assuntos que hoje são vistos como tabu no Brasil – e aborto e casamento gay não (!?).

Infelizmente a nossa imprensa, sempre na contramão da história e muito bem paga pelas esquerdas, derrubaria um sujeito desses em menos de dois dias. Todo mundo pode ter sua própria opinião, desde que seja a mesma desses ‘jornalistas’.

O voto no PSDB hoje pode ser entendido como uma forma de tirar o PT do poder. Mas jamais será um voto de oposição. Se Serra não inflou o peito, enfrentou Dilma cara-a-cara e não expôs o passado criminoso e assassino da terrorista, é porque precisa esconder alguma coisa também.

Eu não voto em pessoas. Não voto em partidos. Voto em ideologias. Se não encontro um único candidato que ao menos defenda os ideais que eu acredito, por que tenho de votar no ‘menos pior’? Isso é aceitar o fracasso. Não há prêmio de consolação por eleger o menos pior. Onde estão os melhores, então? Há quem diga que ainda sentiremos saudade de Lula. Nunca pensei que fosse concordar com tal afirmação, mas ela começa a povoar meus pensamentos ultimamente.

Triste país este nosso, que vai de mal a menos pior.

Seguir Emilio Calil:
Empresário, Palestrante e Escritor. ⚡ Fundador do Marketing de Transformação, que emprega técnicas de autoconhecimento e coerência para elevar o espírito de pessoas e empresas.

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