O monge e a vaca

postado em: Cotidiano 15

O monge e a vacaAbaixo segue uma pequena parábola sobre o monge e a vaca. Se você já a conhecia, é sempre bom revisitar esses conceitos. E se não a conhecia, é bom mantê-la na memória e retornar ao seu significado de tempos em tempos:

 

O monge e a vaca

Um monge e seu discípulo seguiam caminho pela montanha, em direção a um mosteiro onde permaneceriam por um ano. Com a aproximação da noite, procuraram um lugar onde pudessem pernoitar. Logo adiante avistaram uma casinha isolada, simples e rústica, onde morava uma família muito pobre. O monge pediu à família um quarto onde pudessem dormir e seguir viagem na manhã seguinte.

O dono da casa, muito solícito, ofereceu um pequeno quarto disponível, mas se desculpou por não ter cama nem nenhum tipo de conforto. Era apenas um chão forrado de palha. O monge disse que só aquilo já estava ótimo. Na manhã seguinte foram tomar o desjejum. À mesa havia apenas um pouco de leite, queijo e um mingau ralo. Novamente o dono casa se desculpou por não poder oferecer uma refeição melhor e o monge respondeu dizendo que, para eles, aquilo era um banquete. Enquanto comiam, o monge perguntou ao dono da casa:

– Neste lugar não há sinais de comércio ou trabalho. De onde vocês tiram seu sustento?

O dono da casa respondeu:

– Ah, temos aqui atrás da casa uma vaquinha milagrosa. Ela nos dá muito leite todos os dias e, com isso, conseguimos fazer queijo, coalhada e mingau. E dessa forma vamos sobrevivendo.

O monge agradeceu a hospitalidade e, junto com o discípulo, seguiram viagem. Haviam andado poucos metros quando o monge parou, deu meia-volta, contornou a casa e soltou a vaquinha do pasto. Levou-a até o precipício e, então, atirou o animal lá de cima. O discípulo, espantado e revoltado com o mestre, exclamou que ele havia acabado com a única fonte de sustento da família que os hospedaram tão gentilmente. O mestre não disse mais nada e, em silêncio, rumaram para o mosteiro.

Passado um ano, o monge e seu discípulo resolveram retornar à cidade e, para isso, teriam que percorrer o mesmo caminho por onde vieram. Descendo as encostas da montanha e com a noite se aproximando, resolveram procurar um lugar para passar a noite. Foram, então, em direção à casinha rústica da família que os hospedara antes. Chegando lá, viram que o lugar estava diferente. A casa da qual lembravam não existia mais. No lugar, um belo casarão, bem pintado e decorado despontava na paisagem, juntamente com diversas carroças e um agradável jardim.

Chamaram pelo dono da casa e este os veio receber. Era o mesmo homem de antes, porém estava mais bem nutrido, feliz e suas roupas não eram os trapos de antes. Acolheu os monges com um largo sorriso e ofereceu-lhes um quarto que, desta vez, era maior, mobiliado e com duas camas confortáveis. Pela manhã, no café, serviram suco, frutas, pães, queijos, ovos e outras guloseimas. Enquanto comiam, o monge perguntou ao dono da casa:

– Neste lugar não há sinais de comércio ou trabalho. De onde vocês tiram todo seu sustento?

O dono da casa respondeu:

– Ah, ocorreu uma tragédia conosco há um ano. Nossa vaquinha leiteira, única fonte de sustento da família, se soltou do pasto e caiu no precipício. Entramos em grande aflição e nos vimos obrigados a procurar outras formas de nos manter. Assim, aprendemos a plantar e cultivar diversas frutas e hortaliças, começamos a fazer produtos próprios e comercializá-los lá na cidade. Assim, graças à perda da nossa vaquinha, hoje temos uma vida muito melhor do que antes.

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Empresário, Palestrante e Escritor. ⚡ Fundador do Marketing de Transformação, que emprega técnicas de autoconhecimento e coerência para elevar o espírito de pessoas e empresas.

15 Responses

  1. Telma Calil
    | Responder

    Gosto demais dessas histórias. Essa é uma onde o comodismo não deixava haver o progresso e, sem o único sustento, o jeito foi criar e achar alternativas bem melhores. O dito popular: “Há males que vem para o bem”.

  2. Emerson
    | Responder

    Ótima metáfora. Mas se eu a tivesse escrito não mataria a vaca. Jogada num precipício, terrível isso. O monge poderia tê-la levado para longe, para outro povoada talvez.

  3. Kosher-X
    | Responder

    O monge e seu discípulo não demonstram sinais de comércio ou trabalho. De onde tiram o seu sustento?

  4. Emerson
    | Responder

    Os monges vivem em comunidade no monastério e dividem responsabilidades. Alguns plantam, outros colhem, alguns cozinham, outros comem. E tem aqueles que fazem o trabalho de pedir esmolas. Daí tiram o sustento.

  5. AleGT
    | Responder

    Se, ao invés de monges, fossem pastores, saberíamos de onde vem o sustento… kkk… Desculpe a piada, mas, vou inevitável… kkk

  6. Emerson
    | Responder

    Hahaha… o Emílio deve estar louco. Porque em vez de estamos discutindo o significado da parábola, estamos nos atendo aos detalhes técnicos da mesma.

  7. Ronis Aguiar
    | Responder

    Gostei muito! Sou formado em Letras e sempre procuro blogs sobre cultura para seguir, gostei muito desse blog!
    O texto nos faz parar e refletir, será que nao estamos só com a vaquinha ? Podemos plantar mais, para colher mais fartura?
    MUITO BOM !
    GOSTEI MUITO!!!!

  8. ubi araujo vieira
    | Responder

    muito bom,fora comodismo!

  9. Cassia
    | Responder

    Olá Emerson, eu discordo plenamento do seu modo de pensar em partes, é até bacana vc não querer mal tratar a vaquinha, mais leva-la a outro povoado, seria inútil por que o objetivo desta história é mostrar para as pessoas que não devemos nos acomodar aguardando que alguém produza, e sim que coloquemos a mão na massa andemos com nossas próprias pernas e tenhamos atitudes para obtermos resultados surpreendentes,,,,abraços.

  10. Cassia
    | Responder

    Ops corrigindo, plenamente…

  11. paulo
    | Responder

    pensa que essa vaquinha poderia ser o bolsa família, quanto o Brasil ganharia se acabasse com essa fábula de distribuir renda sem trabalho, sem esforço, e passássemos a fazer o bolsa empreendedor incentivando a iniciativa ao trabalho e a pesquisa de novas tecnologias, bem como transformar a atidude de certos lugares, como foi a experiência pacificadora das favelas do Rio, que não precisam mais dos traficantes e milicianos…. pensem…. pensar não doí.
    vejam a proposta no meu site http://www.frpromotora.com/paulomendes

  12. Maria Santos Ferreira
    | Responder

    Esta parábola , mexe profundamente com meus sentimentos de gratidão a Deus de ter batalhado muito para vencer e comodismo para mim é como uma doença, que mata, que contagia. O que fez o monge , é o que os pais deveriam fazer com seus filhos, ajudar, mas , empurrando _ os para os estudos e trabalho. Avós , não criar netos, que tenham país vivos, governo, dar trabalho e não vales_ tudo, família de presos pagarem ao Estado , pelos gastos . Enfim , há muitos acomodados , parados sobrevivendo de uma ” vaquinha “.

  13. Soninha
    | Responder

    Só acho lamentável ter jogado a pobre da vaquinha no precipício… não achei bacana…

  14. Rafa
    | Responder

    A para!!! História muito romântica!!!!
    O máximo q ele vai conseguir é migrar da vaquinha para vender alface. Até parece q o cara vai ficar rico em um ano a ponto de ter um casarão….
    Desde quando as oportunidades são tão fáceis assim…. imagine essa mesma história numa versão do nordestino numa terra quase q improdutiva?
    Acha mesmo q ele vai ter a oportunidade de construir um casarão????

  15. Rosana Haas
    | Responder

    Sair da zona de conforto….. Ao refletir sobre este texto, lembrei de meu querido professor de Psicologia Aluísio Vieira, que nos dizia a seguinte frases todas as aulas: “quem para até certo ponto regride”. É isso

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