Categorias: Cotidiano

O ócio criativo

Uma coisa precisa ser entendida por todos nós: Os tempos mudaram. Podemos ainda não estar vivendo completamente em uma nova era, mas vivenciamos seus primeiros anos. Os conceitos de vida social, trabalho e diversão mudaram completamente e, em última análise, hoje todos se mesclam num amálgama difícil de separar. É o que diz o italiano Domenico De Masi (saiba mais sobre ele) em seu livro O Ócio Criativo, publicado em 2000.

Comecei a ler esse livro sem querer, buscando conceitos criativos, mas não é bem isso o que ele traz. Essas dicas estão presentes apenas nos primeiros parágrafos, dali para frente De Masi volta no tempo até à pré-história e avança pelas várias épocas da humanidade até os dias atuais, traçando parâmetros entre trabalho e tempo livre do ser humano. É interessante a forma como ele expõe suas ideias, principalmente quando menciona a era industrial e avança para a nossa atual, que ele chama de “pós-industrial”, mostrando diferenças do que se exige hoje de um empregado em relação às décadas passadas.

Não há grandes novidades, afinal o livro tem mais de 10 anos, mas é atual se olharmos o arcaico modelo de trabalho no Brasil. De Masi dá algumas escorregadas em suas opiniões sobre o desemprego, citando exemplos de países onde suas ideias foram testadas (e não funcionaram), como a redução de horas de trabalho na França. Desconfiei de um viés esquerdista dele e tive as suspeitas confirmadas quando, lá pelo meio do livro, ele se confessa marxista e que chegou a se candidatar pelo PCI (Partido Comunista da Itália). Não cairei no maniqueísmo de dizer que todo esquerdista está errado e todo direitista está certo – ambos os lados têm bons e maus representantes. Até porque De Masi diz que a esquerda deve rever seus objetivos se quiser continuar existindo, visto que o modelo de trabalho do Séc. XXI nada tem a ver com o do passado, o que elimina a necessidade de sindicatos, por exemplo.

Em nosso mundo atual as empresas buscam inteligência e criatividade, não mão-de-obra. Pagam por resultados e produtividade, não horas trabalhadas.  E isso inevitavelmente esbarra em questões como horas-extra e locais de trabalho. O que acontece se só sou criativo às 2h da madrugada? E se meu momento de maior produtividade ocorre fora do horário comercial? Por isso, cada vez mais o conceito do home office torna-se uma realidade. Se tudo o que você faz na empresa consegue fazer de casa, então por que gastar horas no trânsito?

De Masi também comenta algo interessante sobre produtividade. Segundo ele, podemos render mais em casa do que na empresa – ou melhor, tendemos a desperdiçar mais tempo na empresa do que em casa. E para fazer o teste, ele brinca dizendo que se as empresas dissessem aos seus funcionários que poderiam ir para casa quando terminassem as tarefas, os escritórios estariam vazios ao meio-dia. Claro, o conceito de home office ainda está engatinhando no Brasil. Algumas empresas já adotaram a prática, mas a maioria ainda vê isso com desconfiança.

Voltarei ao tema de home office num próximo post, mas deixo a dica de leitura de O Ócio Criativo. Vale para entender melhor os modelos de trabalho em que vivemos – recomendo para micro e pequenos empresários.

Emilio Calil

Empresário, Palestrante e Escritor. ⚡ Fundador do Marketing de Transformação, que emprega técnicas de autoconhecimento e coerência para elevar o espírito de pessoas e empresas.

Ver comentários

  • Eu queria muito mesmo poder trabalhar em casa. Só não sei se renderia tanto quanto aqui. Teria de vencer a tentação de assistir a programação da tarde no Cartoon Network.

  • Eu queria muito mesmo poder trabalhar em casa. Só não sei se renderia tanto quanto aqui. Teria de vencer a tentação de assistir a programação da tarde no Cartoon Network.

    Bom Emerson, aí pra trabalhar em casa você deveria usar aquelas dicas contra a procrastinação que eu postei aqui, hehehe...

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Emilio Calil

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