Café despretensioso

postado em: Mooca 1

Comentei anteriormente que é tradição entre os mooquenses tomar café fora de casa nos finais de semana. Um rápido passeio sábado de manhã pelas padarias mais famosas confirma isso. Famílias inteiras inundam mesas e balcões em busca de sucos, vitaminas, cafés com leite e toda uma infinidade de pães, doces e bolos. Entre a turba, eu me incluo.

Sem falar que adoro aquela sensação de sonolência matinal enquanto desperto lentamente acompanhado de suco de laranja e misto quente – e misto quente na padaria é muito melhor do que em casa. Também gosto de observar as pessoas nesse mesmo estado silencioso, quase letárgico. Apesar do corpo se mover com mais vagar, a mente está leve e capta mais informações.

De fato, para um bom café da manhã, as padarias e doceiras da Mooca são a melhor opção para quem deseja comer bem e se divertir. O inconveniente é o excesso de pessoas, que às vezes impede de desfrutar o ambiente por mais tempo. Você come e levanta logo porque tem alguém esperando pelo lugar. Mas desses templos da gastronomia matinal comentarei em artigos futuros. Falo agora de outro lugar que lista entre meus favoritos para o desjejum: o Fran’s Café.

Com tantos lugares tradicionais como a Nova Veredas, Monte Líbano ou Di Cunto, por que escolhi logo um que é franquia comum e presente em todas as regiões da cidade? Na verdade é justamente a trivialidade do Fran’s Café que o torna opção diferente na Mooca, pois oferece algo pelas manhãs que falta a outros: tranqüilidade.

Localizado no número 891 da Rua Chamantá, o lugar está quase na esquina com a Avenida Paes de Barros, já próximo ao bairro da Vila Prudente. Pela manhã é praticamente vazio, o que não acontece à tarde e durante a noite – por sinal, fica aberto 24h. Quando quero me fartar no café da manhã, vou às padarias famosas. Mas quando desejo lugar sossegado onde possa recostar e aproveitar as horas da manhã, só no Fran’s Café.

Quem entrou em um, entrou em todos. O cardápio é o mesmo das outras tantas lojas. Ainda assim, não vou lá apenas pelos pratos, mas pela paz e tranqüilidade que o ambiente oferece. Se estou trabalhando nalgum projeto, é um bom lugar para levar meu caderno e ficar rabiscando as idéias na companhia de um expresso. Se quero ler um livro, basta recostar nas poltronas e fico ali o tempo que quiser, longe da algazarra das padarias – não que as algazarras sejam tão ruins, mas há dias que quero evitá-las.

Devo ser um dos únicos homens na face da terra que adora levar a noiva esposa ao salão de beleza. Mas há um motivo: o lugar fica a poucos metros do Fran’s. Ao pararmos no salão, pergunto se ela vai demorar: – Sim, no mínimo uns 40 minutos. – Ótimo! – respondo – Espero você no Fran’s Café. E pra lá vou sem pressa.

Tive uma manhã deliciosa dia desses. Com livro novo em punho, mal esperava para degustá-lo. Enquanto a futura senhora Calil entregava-se aos cuidados da beleza no salão, voei para o Fran’s. Tratei logo de garantir meu lugar favorito: a mesa da janela, que dá visão à Paes de Barros e à pequena praça na esquina (na foto ao lado, a mesa fica exatamente atrás do pilar). Gosto dali para ficar observando o movimento. Pedi um chocolate batido, um pão tostado com manteiga e, refestelado na poltrona, embarquei na boa leitura. À minha frente, três homens e um notebook discutiam projetos. A duas mesas de distância um senhor apreciava uma xícara de café enquanto lia o Estadão despreocupadamente. Na outra ponta, onde ficam as mesinhas numa espécie de jardim de inverno, uma senhora esperava a filha. No período de hora e meia, pouco movimento em ambiente convidativo à leitura.

Mas é bom o leitor do blog estar atento a certas peculiaridades do lugar. Se por um lado o ambiente do Fran’s Café é plácido, plácidas também são as atendentes. Gente que busca serviço rápido deve considerar alternativas. Você chega, o lugar está deserto, mas leva tempo até que venham lhe oferecer o menu. Depois, mais alguns intermináveis minutos para trazerem o pedido – mesmo que seja uma xícara de café. Eu já me acostumei, mas quem nunca esteve lá pode se incomodar.

Outro detalhe sobre o lugar é a completa incerteza sobre como o seu pedido vai chegar. Existem três itens no café que mudam constantemente e você nunca sabe como ele será trazido. São eles: o mamão papaia, o croissant de chocolate e o pão tostado. O mamão, descrito apenas como ‘meio mamão papaia’, às vezes vem cortado em cubos numa taça e às vezes vem solto na bandeja, fatiado ao meio e cheio de sementes. O croissant é outra incógnita: ora tenro, quente e com calda de chocolate em cima; ora duro, seco e sem calda alguma – nitidamente requentado. E o pão varia de tamanho misteriosamente. Sabe-se lá o porquê dessa falta de padronização. Mesmo assim, é divertido. Às vezes arrisco pedir um desses itens pra tentar a sorte.

Os preços são aceitáveis para um café sem grandes pretensões (R$ 5 a R$ 8 por pessoa), mas come-se melhor pelo mesmo valor em outros lugares. Desaconselho o almoço. Há opções bem mais interessantes e justas pelo bairro. Mas gosto de jantar lá no inverno, quando servem sopa dentro de um pão italiano – um prato serve bem duas pessoas. Falando em pessoas, o Fran’s Café não é lugar para grandes grupos de amigos. Prefira ir sozinho, em dupla ou, no máximo, quatro pessoas. Mais que isso um bate-papo tranqüilo torna-se complicado.

Costumo ir lá aos sábados de manhã, geralmente entre 9h e 11h. Capaz de nos esbarrarmos qualquer dia.

Seguir Emilio Calil:
Empresário, Palestrante e Escritor. ⚡ Fundador do Marketing de Transformação, que emprega técnicas de autoconhecimento e coerência para elevar o espírito de pessoas e empresas.

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