Categorias: Cotidiano

Considerações sobre amor, sexo e relacionamento

Sempre achei que o homem que ‘coleciona’ mulheres, que acha o máximo todo dia ter uma mulher diferente e que se vangloria para os amigos de ser o ‘pegador’ é uma pessoa infeliz e perdedora – o típico loser, mesmo. É alguém inferior que precisa de autoafirmação constante porque não possui nenhum valor pelo qual se orgulhar e ser notado.

Acredito que o maior desafio, o mais difícil mesmo (e real motivo de orgulho), é conquistar a mulher que você ama não uma vez, mas todos os dias. E, meu amigo, conquistar a mesma pessoa todos os dias é infinitamente mais difícil do que conquistar uma pessoa nova por dia.

Se a pessoa vem me contar suas aventuras sexuais, ela me passa a impressão de vazia, desprovida de algo que valha a pena se ouvido. A pessoa que considera uma noite de sexo mais importante do que uma vida ao lado de alguém, envelhecendo e aprendendo juntos, é miseravelmente infeliz, ainda que nem se dê conta disso.

Onde está o esforço para manter uma relação saudável por anos, vencendo obstáculos? Se não há esforço, é porque a pessoa não vale mais a pena? Ou, talvez, nunca valeu? Que critérios então você usou para escolher essa pessoa?

Uma grande frustração minha é que nunca consegui colocar em palavras esse conceito corretamente. Até que esses dias vi a transcrição perfeita dos meus pensamentos, a qual compartilho abaixo (e me desculpo por citar Ayn Rand duas vezes seguidas em meus posts, mas, acredite, vale muito a pena):

Considerações sobre amor, sexo e relacionamento – por Ayn Rand

Só o homem com complexo de inferioridade passa a vida correndo atrás de mulheres. Pois o homem que sente desprezo por si mesmo tenta obter amor-próprio por meio de aventuras sexuais. O que é inútil, porque o sexo não é a causa, e sim o efeito e uma manifestação da imagem que um homem faz do próprio valor.

O amor é cego, dizem. O sexo é imune à razão. Mas, na verdade, a escolha sexual de um homem é o resultado e o somatório de suas convicções fundamentais.

Diga-me o que um homem acha sexualmente atraente que lhe direi qual é toda a sua filosofia de vida. Mostre-me a mulher com quem ele dorme e lhe direi a imagem que ele faz de si próprio.

O ato sexual é um ato que força o homem a ficar nu tanto no corpo quanto no espírito e a aceitar seu ego verdadeiro como padrão de valor.

O homem que está convicto do seu próprio valor e dele se orgulha há de querer o tipo mais elevado de mulher possível, a mulher que ele admira, a mais forte, porque somente a posse de uma heroína lhe dará a consciência de ter realizado algo, não apenas de ter possuído uma vagabunda desprovida de inteligência.

Ele não tenta ganhar seu valor, e sim exprimi-lo. Não há conflitos entre os padrões da sua mente e os desejos de seu corpo.

Mas o homem que está convencido de que não tem valor será atraído por uma mulher que despreza, porque ela refletirá o seu próprio eu secreto e lhe proporcionará uma fuga daquela realidade objetiva em que ele é uma fraude.

Observe o caos que é a vida sexual da maioria dos homens e repare no amontoado de contradições que constitui a sua filosofia moral. Uma deriva da outra.

O amor é nossa resposta aos nossos valores mais elevados e não pode ser outra coisa. O homem que corrompe seus próprios valores e a visão que tem da sua existência se parte em dois.

Seu corpo não lhe obedecerá, não reagirá da forma apropriada e o tornará impotente em relação à mulher que ele afirma amar, impelindo-o para a prostituta mais abjeta que puder encontrar.

E então ele não entende por que o amor só lhe provoca tédio, e a sexualidade, apenas vergonha.

Observe que a maioria das pessoas é uma criatura partida em duas, que vive pulando desesperadamente de um polo para outro.

Um dos tipos é o homem que despreza o dinheiro, as fábricas, os arranha-céus e seu próprio corpo. Geme de desespero porque não consegue sentir nada pelas mulheres que respeita, porém sente-se aprisionado por uma paixão irresistível dirigida a uma vagabunda que encontrou na sarjeta.

O outro tipo é o que chamam de prático, que despreza os princípios, as abstrações, a arte, a filosofia e a própria mente. Ele tem como único objetivo na vida a aquisição de objetos materiais e ri quando lhe falam da necessidade de considerar seu objetivo ou sua fonte.

Ele acha que tais coisas devem lhe proporcionar prazer e não entende por que quanto mais acumula, menos prazer sente. Esse é o homem que vive correndo atrás de mulheres.

Observe a tripla fraude que comete contra si próprio. Ele não reconhece sua necessidade de amor-próprio, pois ri do conceito de valor moral. No entanto, sente o profundo desprezo por si próprio que caracteriza aqueles que acham que não passam de um pedaço de carne.

Assim, ele tenta, realizando os gestos que constituem o efeito, adquirir o que deveria ser a causa.

Ele tenta afirmar o seu próprio valor por intermédio das mulheres que se entregam a ele e esquece que as mulheres que escolhe não têm caráter, nem julgamento, nem padrões de valores.

Ele diz a si próprio que tudo o que quer é o prazer físico, porém observe que ele se cansa de uma mulher em uma semana ou uma noite, que despreza prostitutas profissionais e adora imaginar que está seduzindo moças direitas que abrem uma exceção para ele.

É a sensação de realização que ele busca e jamais encontra. Que glória pode haver em conquistar um corpo desprovido de mente? Pois é esse o homem que vive correndo atrás de mulheres.

Essas mulheres estão atrás da mesma coisa que os homens que vivem andando atrás de um rabo de saia: só querem aumentar seu próprio valor por meio do número e da fama dos homens que conquistam.

Só que são ainda mais falsas, porque o valor que elas buscam nem é o ato em si, mas a impressão que vão causar nas outras mulheres, bem como a inveja que vão provocar.

Extraído de A Revolta de Atlas, de Ayn Rand.

Emilio Calil

Empresário, Palestrante e Escritor. ⚡ Fundador do Marketing de Transformação, que emprega técnicas de autoconhecimento e coerência para elevar o espírito de pessoas e empresas.

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Emilio Calil

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