Foi-se a época em que perdia meu tempo debatendo na internet. Nada mais ridículo do que gastar horas tentando fazer com que seu ponto de vista seja aceito por pessoas que tentam fazer você aceitar o ponto de vista delas. O debate degringola em acusações, ofensas, brigas e impropérios até que o assunto principal fica lá pra trás. No fim, você não convence a pessoa e nem é convencido por ela. Não, muito obrigado.
Quer debater em fóruns da web? Fique à vontade, mas não me chame. Aqui no blog escrevo sobre o que quiser e os leitores têm liberdade para comentar e discutir cada texto, mas nada que se estenda por páginas de besteiras. Dito isso, revelo que tenho um pequeno passatempo maquiavélico. Apesar de não mais participar desses embates furados, adoro bisbilhotá-los anonimamente. E que melhor lugar para fazer isso do que o Orkut, a maior concentração de pseudo-filósofos frustrados da internet? Acesso muito pouco o Orkut, mas quando o faço, algumas leituras são obrigatórias, como a comunidade do PT e outras pró-socialismo. A esquerda sempre sabe como fazer comédia, basta que lhe deixem expressar suas idéias. Na comunidade do PT, por exemplo, os moderadores agem como se fossem assessores pessoais de Lula e desfilam opiniões nonsenses. Quando a cantora Ivete Sangalo aderiu ao movimento anticorrupção, o tal ‘Cansei’, surgiram comentários como “alguém ainda ouve as músicas dessa mulherzinha insignificante?” ou “essa aí está no fim de carreira e quer aparecer”. Divertidíssimo.
Um dos destaques outro dia foi em uma comunidade sobre Cuba, logo após o ditador Fidel Castro anunciar sua aposentadoria. Num debate sobre o destino da ilha, um garoto que sequer largara a mamadeira comentava: “Meu medo é que os cubanos tenham acesso a celulares, computadores, carros importados, roupas da moda, lanchonetes e todo esse tipo de coisa que já nos contaminou por aqui”. Ou seja, o cabeça-de-pudim deseja que os cubanos vivam felizes no paraíso medieval socialista enquanto ele, heroicamente, suporta o tenebroso mundo capitalista e seus McDonald’s da vida. É muita estupidez para pouca idade. Felizmente (para os cubanos), os medos do garoto começam a se confirmar. Leio a notícia de que Cuba liberou a venda de computadores e DVDs para a população, o que era proibido antes. Tudo bem, não é lá um avanço gigantesco, mas foi um passo. Agora atentem para dois parágrafos da matéria:
“Baseado na melhora do acesso à eletricidade, o governo aprovou a venda de alguns equipamentos que antes era proibida”, informou um memorando interno do governo, ao qual a Reuters teve acesso hoje.
Estavam listados computadores, aparelhos de vídeo e DVD, e TVs de 19 e 24 polegadas, panela de pressão elétrica, panela de arroz, alarmes de carro, microondas e bicicletas elétricas – que antes os cubanos não eram autorizados a comprar.
Se você não percebeu, destaco a frase: “Baseado na melhora do acesso à eletricidade“. Ué, Cuba não era o paraíso na terra, segundo dizem os socialistas (que jamais puseram os pés lá)? Que paraíso é esse que nem energia elétrica tinha direito? E notem os utensílios que eram proibidos à população: Panela de pressão? Panela de arroz? Bicicletas? Sem sombra de dúvida Cuba era um paraíso. Para neanderthais.
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