De vez em quando, nas manhãs de sábado, gosto de levantar cedo e caminhar pelas ruas do bairro. Nenhum trajeto especial deixo as pernas escolherem o destino. Numa dessas incursões, meses atrás, parei para fuçar alguns DVDs em promoção. Na gôndola, em meio a diversos títulos, vi o filme Piaf Um Hino Ao Amor (La Môme – 2007) dando sopa. Como aprecio as músicas de Edith Piaf e já tinha ouvido falar bem dessa cinebiografia, não pensei duas vezes e arrematei-a.
Em seguida, parei para um café. Entre mordidas no pão de queijo, peguei o filme para ler a sinopse. Na hora de pagar a conta, o dono do café puxa conversa: “Notei que você está com o filme da Edith Piaf. É muito bom, minha esposa e eu adoramos. Você fez uma ótima compra”. Saí de lá duplamente feliz. Primeiro, pela certeza de ter comprado um bom filme e, segundo, pela boa conversa com o dono do café, de cultura admirável.
Mas por pura falta de tempo, o DVD acabou esquecido e empoeirado na prateleira, junto a outros filmes alguns ainda lacrados que comprei e esperam na fila para serem vistos. Pois bem, neste fim de semana consegui um tempinho e resolvi dar uma chance à La Môme Piaf (Pequeno Pardal).
Talvez o termo para descrever o filme deva ser usado no próprio idioma de Piaf: Ces’t magnifique! Conhecia pouco da vida da famosa cantora francesa e o que eu esperava era uma boa biografia musical e uma excelente atuação de Marion Cotillard, muito elogiada (e premiada) pela crítica internacional. Mas nem eu nem minha noiva estávamos preparados para uma tragédia. Acho que a vida de Edith Piaf pode ser definida assim: trágica. Trágica e ao mesmo tempo gloriosa. A impressão que se tem ao final do filme é que Piaf não conheceu a felicidade. Mesmo indo da pobreza à fama e fortuna, poucos momentos de sua vida parecem ter sido realmente felizes.
O filme possui uma sequencia cronológica linear que é permeada por flashbacks (e flashforwards), a fim de não perder tempo explicando demais certos detalhes. A fórmula funciona bem, mas em certos momentos a falta de explicação é um problema, como na cena do encontro com a cantora Marlene Dietrich, que me fez buscar mais detalhes na internet para entender.
A fotografia é soberba e a reconstituição da Paris dos anos 20/30/40 é impecável. Tão impecável que, juntamente com a atuação de Marion Cotillard (de levar às lágrimas), fica a impressão de que você não está vendo um filme, e sim uma janela para o passado em que presencia os fatos na vida de Edith tal como eles foram.
Enfim, fica a dica para quem está procurando um ótimo filme em que possa ‘entrar’ na história e se perder na vida de uma das maiores cantoras francesas de todos os tempos. Siga o conselho do dono do café sem medo: É uma ótima aquisição.
Abaixo, o trailer:
Emerson Freire
Valeu a dica. Já tinha ouvido a música mas não conhecia a cantora. Edith Piaf, mais um nome para minha lista.