Certa vez li uma frase muito interessante: “A informática surgiu para resolver problemas que, antes dela, não existiam”. E é verdade. Hoje você precisa se preocupar com a segurança dos seus e-mails, senhas de bancos, backups, vírus, trojans, etc. É o preço a se pagar pelo progresso, claro. A informática nos trouxe inúmeros benefícios, porém, extinguiu alguns hábitos saudáveis como, por exemplo, a emoção da pesquisa quase arqueológica nas bibliotecas. Lembro que, na escola, para fazer um trabalho sobre Duque de Caxias, íamos à biblioteca e passávamos horas fuçando em livros de história. Depois, comprávamos adesivos com brasões da república para colar nas folhas de almaço. Hoje não se gasta mais do que cinco minutos no Google para encontrar o trabalho pronto em PDF, imprimir e garantir a nota do semestre.
Críticas ranzinzas à parte, o maior estrago causado pela informática foi, sem dúvida, em nossa gramática. É impressionante verificar a quantidade de erros que as pessoas cometem – mesmo os jornalistas experientes. Basta uma visita a um site de notícias ou fórum de discussão para notar como as regras de concordância e conjugação verbal andam de mal a pior. Que o nosso ensino tem piorado gradativamente, não há dúvida. A cada ano centenas de semianalfabetos saem do colegial para entrarem na faculdade e, de lá, saírem ainda piores. Exagero meu? Comparem, então, as redações de formandos recentes com as dos estudantes de vinte anos atrás. Chega a ser assustador.
Mas a informática, em especial a Internet, colabora com a desinformação na medida em que os erros se propagam com maior velocidade. Você vê uma palavra escrita errada em um site respeitável e, inocentemente, acaba repetindo-a sem reparar na ortografia. Afinal, quem vai se preocupar em verificar ditongos, pretéritos e paroxítonas em uma notícia? Realmente, essa preocupação não cabe a quem lê, mas a quem escreve. Infelizmente, tanto quem lê quanto quem escreve não possui mais as noções básicas da língua portuguesa para diferenciar certo e errado. Lógico que estou generalizando, mas muitas pessoas perderam a vontade de aprender. Contanto que se façam entender, já está ótimo.
Existe, também, a chamada “linguagem de Internet”, que usa de abreviações como “vc” (você), “tmb” (também), “q” (que), “hj” (hoje), etc. Esse tipo de escrita tem origem na primeira metade da década de 90, quando a Internet era uma novidade e existiam os chamados “videopapos” – os avôs das atuais salas de chat. Naquela época (quando o UOL ainda era conhecido como “Universo On-Line”), ao se entrar numa sala de videopapo, os impulsos telefônicos eram cobrados por caracteres digitados. Assim, os usuários abreviavam as palavras para pagarem menos. A moda pegou e até hoje essa linguagem é utilizada – eu mesmo a uso, especialmente quando converso pelo Messenger, onde os textos precisam ser mais rápidos.
Não tenho a mínima vocação para “Professor Pasquale”, mas acho que conhecer o básico da língua portuguesa para elaborar bons textos é uma obrigação do brasileiro. Já vi muitas pessoas reclamando que devemos honrar a língua-pátria evitando gírias estrangeiras. Essas mesmas pessoas, entretanto, não conseguiam distinguir “mas” de “mais”. E alguns ainda criam novos termos, como o feminino de menos: “menas”. Preocupante, não?
Em uma época em que os processadores de texto contam com corretores ortográficos razoavelmente bons, além de existirem sites dedicados às regras gramaticais, dicionários online e outras ferramentas de ajuda, é de se estranhar que haja tantos erros grotescos. Escrever bem não significa abusar de termos incompreensíveis ou de uma linguagem extremamente formal – deixemos isso para os textos jurídicos. Escrever bem é usar de uma ortografia correta e ter bom conhecimento do significado das palavras. Se a intenção é honrar a língua-pátria, que honra maior ela pode receber do que seu uso correto?
Aos interessados em aperfeiçoar seus textos, eis aqui um ótimo ponto de partida.
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