Recentemente li o livro Mistério de Natal, de Jostein Gaarder, autor também do famoso O Mundo de Sofia (o qual ainda não li). A história narra a aventura de Joaquim, um garoto norueguês que ganha um “calendário mágico de natal” – é um calendário com pequenas “portas”, cada uma correspondendo a um dia do mês de dezembro, sendo que a última termina no dia 24, véspera de natal. Quando o garoto abre a primeira porta, revela uma gravura atrás dela e descobre um pedaço de papel, onde está escrito o pequeno trecho de uma história.
O papel do calendário fala sobre uma menina que saiu correndo de uma loja de departamentos da Noruega atrás de uma ovelha de pelúcia e encontrou, num bosque, um anjo que a convidou para ir andando até Belém, presenciar o nascimento de Cristo. Mas como eles estão em 1948, o anjo explica que, além de andar em direção a Belém, eles também voltarão no tempo à medida que caminharem. Assim começa a jornada.
Conforme Joaquim vai abrindo as outras portas do calendário, sempre uma por dia, descobre outros papéis que continuam a história da menina e do anjo, os quais vão encontrando pelo caminho outros personagens que se juntam ao grupo, como pastores, mais ovelhas, outros anjos e até os três reis magos. Eles atravessam, a pé, toda a costa da Noruega e rumam para o Oriente, passando por cidades e locais históricos, onde o anjo faz questão de relatar todos os eventos importantes relacionados a esses lugares.
Com o desenrolar de outros acontecimentos na vida de Joaquim, começam as suspeitas de que a história do calendário talvez não seja mera ficção. Assim, o livro começa a prender o leitor pelas duas aventuras simultâneas: a da menina e sua jornada, e a de Joaquim e suas deduções.
A bem da verdade, a história do livro é bem singela e escrita de maneira simples, nitidamente voltada para crianças. Entretanto, algumas coisas chamam a atenção, como os relatos do anjo, fazendo com que o leitor aprenda história sem se dar conta disso e, também, o relacionamento de Joaquim com os pais, que se tornam cúmplices do filho na ansiedade de lerem o próximo “capítulo” do calendário. O pai inclusive faz uso de diversos atlas geográficos e da própria Bíblia para mostrar por onde os viajantes andavam em cada parte da história. É o tipo de coisa que incentiva os pais a terem esse mesmo relacionamento com seus filhos (e vice-versa).
Mesmo cansado de ficção, acabei lendo esse livro quase sem querer e fui cativado. Numa era onde a literatura infanto-juvenil parece ser a mina de ouro das editoras e produtoras de cinema, cada qual tentando pegar carona no sucesso de Harry Potter e semelhantes, não seria má idéia ver essa obra transformada em filme, fugindo um pouco da fantasia com elfos e dragões e centrando-se mais no relacionamento da família.
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