Categorias: Cotidiano

Sobre heróis e ídolos

Se existe algo que me incomoda profundamente é a obsessiva adoração de ídolos de barro por acéfalos desprovidos de opinião própria. Não digo propriamente as ‘modinhas’, como gostar de determinado artista ou grupo musical em evidência – isso é inerente à estupidez da adolescência. Refiro-me a elevar certas personalidades a status de semideuses infalíveis.

Pode-se admirar o trabalho de uma pessoa ou até admirar certas qualidades dessa pessoa; mas não dá para admirar o trabalho da pessoa só porque foi feito por essa pessoa ou admirar a pessoa só porque fez o trabalho. Confuso? É como gostar de todo e qualquer filme feito por Steven Spielberg só porque foram feitos por Spielberg; ou gostar de Spielberg só porque ele faz filmes.

Há muito se perdeu a capacidade de criticar. Só por que você gosta desta ou daquela pessoa, não significa que tudo o que ela faça seja perfeito. E essa incapacidade de enxergar defeitos em quem se admira cria imbecis sugestionáveis. Você pode gostar das coisas que eu escrevo, mas não significa que precise concordar com tudo. Aliás, nem deve! Raciocinar implica em também discordar de quem admiramos.

Estava pensando nesse assunto hoje cedo, enquanto vinha para o trabalho. Sendo contemporâneo de Obamas, Lulas e Bonos da vida, tidos como ‘heróis’, ‘líderes inspiradores’, ‘exemplos a serem seguidos’ – e sabendo que não são nada disso – fico imaginando o quanto é realmente verdade a respeito do caráter e dos feitos dos grandes nomes da História. Terão sido de fato tudo aquilo o que se escreveu sobre eles?

A segunda grande invenção do homem bem que poderia ser uma máquina do tempo (segunda, pois jamais superaria o ar condicionado).

Emilio Calil

Empresário, Palestrante e Escritor. ⚡ Fundador do Marketing de Transformação, que emprega técnicas de autoconhecimento e coerência para elevar o espírito de pessoas e empresas.

Ver comentários

  • Emilio , bem pensado , outro dia , eu estava ouvindo uma historiadora , e como as pessoas são tendenciosas , ouvi-a dizendo uma série de barbaridades , e que com certeza, farão ´partes dos livros didáticos , que se despejará por aí .Ela nem deu tempo ao tempo , para mentir , alienada que é , vociferava , com palavras e em tom supostamente sério , as passagens do cotidiano político . Por essas e outras , fica difícil , daí para frente, acreditar-se em tudo . Diz-se que quem ganha a guerra escreve a história , e o poder não necessita ganhar nada , para conforme a sua conveniência , distorcer os fatos . Me lembra da aula de psicologia , quando um tema , vai de ouvido a ouvido e acaba totalmente diverso .É mais ou menos isso .

  • Essa 'e uma das razoes do porque eu nao acredito em nenhuma religao.
    Dizer que alguem 'e santo, so porque estava escrito num livro, to fora.

    Rod.

  • Não é questão de se acreditar ou não na história. História não se acredita, se interpreta, assim como todas as coisas. Se olharmos as bibliotecas vamos encontrar dezenas de livros sobre Júlio César, cada livro será uma interpretação da vida desse personagem. Ele teve um caso com Cleopátra, isso é fato, mas ouve amor de verdade? Foi só um jogo de interesses? Foi os dois? Veja que é possível isolar os fatos e conjecturar sobre o que os fatos implicaram.

  • Outro dia lendo sobre as mulheres afegãs dos dias do Talibã, persebi que, embora as condições de vida delas fossem deploráveis, ainda assim haviam mulheres que viam com certa satisfação o regime vigente. Uma certa mulher havia perdido as amigas e uma perna após uma explosão causada pelos mujahidins, estes antecederam o Talibã. Na visão dessa mulher o Talibã era uma coisa boa porque livraram os afegãos dos Mujahidins. Usar burca para ela era de menos, lamentava mais ter perdido a perna. Cada um vê de seu próprio ângulo. Assim acontece também com a História. Os vencedores da guerra escrevem a história, os perdedores também, dois pontos de vistas, duas visões de mundo ou mais. Cabe ao que se aplica ao estudo usar aquilo que o Emílio mencionou, a "crítica".

  • No caso da afirmação do Rod cabe o mesmo princípio. Eu não preciso acreditar em essa ou aquela religião porque "livros sagrados" dizem isso ou aquilo. Mas só posso dizer que não acredito nisso ou naquilo se parar para pesquisar esses mesmo livros e ouvir, com senso crítico, o que eles tem a dizer.

    Não seria just

  • As criticas são saudáveis , , quando [ sofremos ] alguma , no primeiro momento , a nossa arrogância se insurge contra quem teve a audácia de nos desnudar .Aí , vem o segundo momento , o da reflexão.Êsse nos dá a dimensão exata , do quanto estávamos equivocados , nas palavras , nas ações . Embora a maioria jamais extravaze , lá no fundo , num canto está a realidade , que nos vai lapidando , como sêres humanos que somos, passíveis de êrros , e como não , de acertos também .

  • Emerson Freire diz:

    "Outro dia lendo sobre as mulheres afegãs dos dias do Talibã, persebi que, embora as condições de vida delas fossem deploráveis, ainda assim haviam mulheres que viam com certa satisfação o regime vigente. Uma certa mulher havia perdido as amigas e uma perna após uma explosão causada pelos mujahidins, estes antecederam o Talibã. Na visão dessa mulher o Talibã era uma coisa boa porque livraram os afegãos dos Mujahidins. Usar burca para ela era de menos, lamentava mais ter perdido a perna."

    --------------------------------------------------------------------------
    Entao Emerson, mas essa mulher pensa assim porque ela so conhece o Talibã, ela nao conhece nada alem disso.
    Eu duvido que essa mesma mulher, se fosse dada cultura pra ela, trabalho digno, se retirassem ela desse lugar e colocassem ela em um pais de primeiro mundo, se ela continuaria a gostar do regime taliba e so reclamar de ter perdido a perna.

    Eu acho que realmente, o mundo so vai melhorar quando todos tiverem acesso a informacao, onde quer que seja.
    Quando a internet estiver em todos os cantos do planeta e livre para todos, ai voce vera as coisas mudarem, Ditadores serem derrubados, o fim das religioes, e as pessoas exigindo igualdade para todos.
    O mau do mundo 'e a falta de informacao, educacao, 'e por isso que os mais espertos dominam aqueles que nao tem informacao suficiente.

  • E com certeza, as coisas vao mudar muito com a informacao rapida chegando a todo planeta em um clique.
    A estoria antiga realmente foi escrita por quem venceu a guerra, mas no futuro vai ser diferente, vai ficar cada vez mais dificil, algum politico, ou ditador, ou profeta religioso mentir para o povo e ficar livre.
    POrque cada vez mais pessoas tem celulares com cameras digitais e acesso a internet.
    No futuro essas pessoas que passaram geracoes se aproveitando da falta de informacao do povo, seram eliminadas , porque se um politico roubar, vai ter sempre uma camera filmando, ou alguem com celular gravando uam conversa, e em um segundo essa conversa vai estar em milhares de blogs ao redor do globo.
    E com o Ingles, cada vez mais se tornando a lingua oficial do mundo, a mulher que aceitava o Taliba, vai ter outra opiniao, quando ver e ler as opinioes de pessoas ao redor do mundo sobre o Taliba por exemplo.

    Eu nao sou contra nenhuma religiao, sou a favor da liberdade de expressao para todos, e realmente torco para que num futuro proximo, todos nos tenhamos acesso a informacao ilimitada, so assim seremos realmente livres e consciente de nossa existencia nesse universo.

  • Eu também acredito que a falta de informação gera todo tipo de dificuldade. O que o Rod disse sobre a menina afeganistã está correto, mas espero que tenham entendido que eu apenas a citei como exemplo de como a História depende em muito da visão de cada um.

    Agora, embora eu concorde que informação seja uma coisa boa, duvido muito que este mundo de informação, esse acesso fácil que a internet possibilita, venha a solucionar os problemas do mundo. Informação é bom, mas só informação não basta. Novamente chamo atenção para o que o Emílio disse sobre a "crítica". Sem a capacidade de criticar o que se lê ou o que se ouve a informação de nada vale. Temos um mundo cada vez mais globalizado, mas também cada vez mais idiotizado, porque as pessoas não sabem digerir a informação. Falta critério da parte do leitor e isso a internet não ensina, e infelizmente quase não se aprende em lugar nenhum, nem nas academias.

    É mais ou manos assim, imaginem uma pessoa em quarto escuro e derrepente alguém abre a porta e entra toda aquela luz, e pessoa fica cega. O excesso de informação da mídia gera isso, pessoas despreparadas ficam cegas.

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Emilio Calil

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