O UOL publicou algumas fotos de árabes israelenses, em referência à comemoração dos 60 anos de independência de Estado de Israel. As fotos são de Rina Castelnuovo para o jornal New York Times. Para ver o álbum, você pode clicar aqui.
Peço aos leitores que reparem nas legendas das fotos. Todas fazem alusão a condições de inferioridade dos árabes em relação aos judeus. O leitor mais atento provavelmente já leu nas entrelinhas e percebeu o engodo ao qual o UOL pretende levar os desavisados.
Vejamos, uma das fotos mostra árabes dentro de uma mesquita, fazendo suas orações, e a legenda diz: “Árabes fazem prece em mesquita de Nazaré; eles são 20% dos moradores de Israel“. A porcentagem colocada gratuitamente soa pejorativa, como se dissesse “eles ainda são apenas 20%”. Ora, em um estado criado para o povo judeu, o mínimo que se espera é que a maioria da população fosse composta por… judeus. É como dizer que o número de paulistas que vivem no Rio de Janeiro ainda é inferior ao número de cariocas.
E reparem que a foto mostra os árabes exercendo sua liberdade religiosa dentro de uma mesquita construída em Israel, sem maiores problemas. Temos fotos de sinagogas construída em cidades islâmicas onde judeus possam freqüentá-las livremente? Ou mesmo igrejas cristãs ou templos budistas?
Outra foto, que mostra árabes em um terraço, diz: “Na próxima quinta, Dia da Independência de Israel, eles não terão o que celebrar“. Bem, não sei se o jornalista que escreveu a legenda percebeu, mas ele está dizendo que árabes não comemorarão uma conquista dos judeus. Um tanto óbvio, não? Claro que ele se referia à condição de vida dos árabes em relação aos judeus, e quanto a isso não posso opinar, pois jamais estive em Israel. O que sei, de relato de pessoas que lá estiverem e reportagens que vi, é que árabes e judeus convivem pacificamente em Israel, seus filhos freqüentam as mesmas escolas e travam boas amizades. O caldo entorna quando se sai de Israel, aí sim há conflitos e guerras civis. Se o jornalista do UOL considera que os árabes israelenses comemorariam melhor vivendo no meio de atentados terroristas, homens-bomba e pesadas leis de restrição de liberdade, ele está fazendo um desserviço na função de informar.
Também não vou dizer que os judeus morrem de amores pelos árabes. Extremismo existe no mundo inteiro e sempre há imbecis em qualquer lugar que pregam contra este ou aquele povo. Só considero criminosas essas manifestações tendenciosas da imprensa, que incita ódio sem fundamento algum, mas coloca panos quentes em outras ações que mereceriam seu total repúdio e denúncia.
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