Procrastinação é uma desgraça. Nada pior do que empurrar com a barriga algo que precisava ter sido feito há dias. Ou saber que algo precisa ser feito e começar a fazer outra coisa no lugar. Ou começar algo e nunca terminar. Ou ainda passar o dia em frente ao micro sem produzir absolutamente nada, sabendo que a lista de pendências está cada vez maior. Já teve ou tem momentos assim? Pois é, eu também.
Achei que eu era o único dos mortais a passar por momentos assim, mas vi que não estou só. Aliás, estou muito mais acompanhado do que poderia imaginar. É muito difícil vencer a procrastinação quando não sabemos ao certo por que procrastinamos. E é por isso que reproduzi aqui um artigo fantástico que pode ajudar muita gente a entender e superar esse problema irritante de ir deixando as coisas pra depois.
O blog Zen Habits, de Leo Babauta, publicou um texto bacana de Scott Young sobre como evitar a procrastinação no trabalho. Às vezes eu sofro desse mal, por isso gostei muito do artigo. Resolvi traduzir o post aqui no meu blog para compartilhar com vocês. Segue abaixo:
Uma forma realmente simples de concluir seus trabalhos
Escrito por Scott Young para o blog Zen Habits
Imagine ter o trabalho de um dia inteiro feito até o meio-dia. Parece impossível, certo? Mas realmente não deveria ser. Se você eliminar todo o tempo gasto procrastinando, distraído ou parado, o trabalho de um dia inteiro poderia ser feito na metade do tempo.
Mas ser tão produtivo é algo mais fácil de falar do que fazer. A maior parte da produtividade vem de um ou dois elementos. Alguns slogans como Faça agora! ou sistemas complexos de gerenciamento de atividades funcionam bem, mas requerem dezenas de listas e dedicação obsessiva para serem postos em prática. Eu gostaria de compartilhar com você uma terceira alternativa. Uma abordagem que utiliza a psicologia da procrastinação para manter você focado, enquanto é simples o bastante para necessitar de pouco esforço para mantê-la.
A psicologia da procrastinação
Antes de explicar a cura, vamos dar uma olhada na doença. Todo mundo procrastina. Mas se você perguntar por que, a maioria das pessoas dá de ombros e culpa a falta de autodisciplina ou motivação.
Talvez isso seja verdade em alguns casos. Mas para a maioria das pessoas, eu não culparia a preguiça ou a apatia. Em vez disso, eu gostaria de sugerir algumas causas não tão óbvias para a procrastinação que, acredito, sejam os maiores problemas.
1a Causa da Procrastinação: Não saber quando parar
A procrastinação não é não saber quando começar. É não saber quando parar. A princípio, isso não faz muito sentido, visto que procrastinar é deixar as coisas pra depois. Você precisa começar algo para poder terminar e, se começa, já não estará mais procrastinando. Mas essa lógica pode gerar confusão.
Uma grande causa da procrastinação é o medo da lista interminável de tarefas pendentes. Esse é o stress subjacente que vem da sensação de que há trabalho demais pela frente, portanto, qualquer esforço não fará muita diferença a curto prazo. Você pode causar um curto-circuito nesse stress simplesmente definindo um ponto final para o seu trabalho. Com uma linha de chegada à vista, é mais fácil acumular energia e correr para cruzá-la.
2a Causa da Procrastinação: Medir o trabalho em horas em vez de tarefas
Medir o trabalho em horas gastas, e não em tarefas concluídas, é uma simplificação de conta oriunda do período industrial. Se você trabalha em uma área criativa ou baseada em conhecimento, trabalhos concluídos significam infinitamente mais do que as horas gastas neles.
O ditado o que é medido, é aperfeiçoado, se aplica aqui. Quando você mede seu trabalho em horas gastas, você não investe a mesma energia e foco do que se você medisse o mesmo trabalho em tarefas concluídas. Mesmo que o seu cotidiano o obrigue a seguir o relógio, você pode usar seu sistema de produtividade pessoal para concluir mais tarefas. Mudar para um sistema baseado em tarefas lhe permite focar no trabalho concluído, não nas horas gastas.
3a Causa da Procrastinação: Utilizar o gerenciamento de tempo
Existe um livro que todo mundo deveria ler: Envolvimento Total. Nele, os autores mostram como o gerenciamento de tempo é uma forma péssima de realizar um trabalho. Em vez disso, eles sugerem uma alternativa: o gerenciamento de energia.
O conceito básico é que a sua energia, e não o tempo, é o que importa para concluir um trabalho. Basta apenas uma observação casual para perceber que isso é verdade. Com bastante foco e entusiasmo, você consegue muitas vezes fazer o triplo de trabalho no mesmo período de tempo, evitando as famosas horas-extras. Trabalhar 16 horas por dia em vez das 8 normais é a receita ideal para se chegar à exaustão (ou burnout, como se está falando atualmente).
Dessa perspectiva, a procrastinação nem sempre é a causa do problema; ela simplesmente ocorre porque você está exausto. Se você gerenciar seu trabalho em pequenas explosões de extrema produtividade seguidas pela recuperação de energia, seu desempenho será muito melhor.
O sistema de produtividade realmente simples
Usando esses três princípios: Saiba quando parar; tarefas em vez de tempo; e gerenciamento de energia, você tem um sistema extremamente simples para conseguir terminar seus trabalhos.
Quando comecei a usar essa abordagem, minha produtividade dobrou. Depois que me ajustei a esse novo nível de produtividade, eu geralmente termino o trabalho de um dia inteiro antes do meio-dia. Agora que tenho utilizado esse sistema por três anos sem dificuldade, compartilho aqui com vocês. O sistema se divide em apenas três regras:
1 No final de cada semana, faça uma nova lista de pendências intitulada Objetivos Semanais. Escreva nela tudo o que você deseja terminar nos próximos sete dias.
2 Toda noite, faça uma nova lista de pendências intitulada Objetivos Diários. Olhando sua lista semanal, escreva na lista diária tudo o que você deseja terminar amanhã.
3 Durante o dia de trabalho, concentre-se apenas em completar as tarefas da lista. Finja que suas outras pendências não existem. Quando terminar a lista diária, você fechou seu dia e estará proibido de adicionar mais trabalhos.
Com três regras e duas listas de tarefas pode ser fácil perder o poder psicológico da coisa. Primeiro, ao criar seus objetivos diários de trabalho você desenvolve um poder de concentração mais forte para finalizar tudo. Saber que poderá relaxar sem culpa depois de finalizar as tarefas torna você mais motivado a trabalhar com mais vontade do que as tradicionais e infinitas listas de pendências.
Segundo, os objetivos semanais evitam a meta-procrastinação ao fazer com que os deliberadamente pequenos objetivos diários mantenham você focado no trabalho importante. Isso também ajuda a minimizar a culpa por relaxar, sabendo que você está em dia com as tarefas da semana, mesmo que faça uma por dia.
E, por fim, esse é um sistema fácil de seguir. Sistemas gerenciais complexos são ótimos para pessoas hiper-organizadas, mas eu sou muito desorganizado para isso. Eu queria uma abordagem onde gastasse meu tempo focado no trabalho feito, e não me preocupando com todas as listas itens de atividades que criei.
Posso usar esse sistema em trabalhos menores?
Para estudantes, freelancers, empreendedores ou funcionários cujo trabalho seja focado em resultados, esse sistema funciona perfeitamente bem. Mas e se você não puder terminar seu dia às duas da tarde mesmo terminando suas tarefas diárias? Primeiro, seu empregador está lhe pagando para concluir os trabalhos e não para ficar sentado numa mesa. É preciso saber as táticas de negociação e que lhe permitirão trabalhar menos, provando que produzirá mais. Pode não funcionar pra todo mundo, mas vale tentar.
Segundo, você pode modificar a abordagem para subdividir seu trabalho em tarefas mais difíceis e importantes, e nas mais fáceis e menos importantes. É possível fazer com que seus objetivos diários sejam o trabalho mais difícil nos quais você se pegaria procrastinando. Então, se terminar essas tarefas poderá fazer as mais fáceis que geralmente preencheria suas distrações.
Menos stress, mais resultado
Um efeito colateral inesperado de começar esse sistema foi notar que meus níveis de stress diminuíram. Já que eu não estava mais me sentindo culpado ao terminar meu dia de trabalho (e estava procrastinando menos), uma grande parte do stress desapareceu. Ferramentas simples são sempre as melhores. Esta pode ser feita com um simples pedaço de papel, uma caneta e as três regras. Ela engloba um monte de truques para evitar a procrastinação como os que os sistemas mais complexos oferecem, mas sem os stress de precisar mantê-los.
Emerson Freire
Fantástico. Mas minha procrastinação é tão grande que me dá até agonia só de pensar que vou ter que usar caneta e papel para isso. Mas vou tentar, ou melhor, vou fazer. Mestre Yoda diz que “tentar não deve”. Mestre Yoda nunca procrastinava.
Lucas
Fiquei sabendo disso hoje e tô espantado, nunca sabia o que me prendia. Até tive o mesmo pensamento do Emerson Freire quando ele escreveu que dá agonia só de pensar em ter que usar caneta e papel para isso. Fora escrever esse e-mail que quase deixo para amanhã. Rsrs
Isso tá impedindo coisas realmentes importantes e fundamentais na minha vida. Como a demora para conseguir o primeiro emprego, mesmo tendo bons cursos.
Mas uma interessante observação, é que o ato de usar a internet, ou simplesmente estar nela, nunca parece uma procrastinção.
Gostei e me identifique com a forma que escreveu, tanto que até agora só comentei no seu blog. Talvez porque a prorastinação não me deixou comentar nos outros.