Outro dia estive com amigos que não via há algum tempo. A iniciativa da reunião, sugerida pelo meu cunhado, era irmos ao apartamento dele passar a tarde jogando videogame remembering the good ol’ times. Mas, ao contrário do planejado, acabamos estirados no chão da sacada, rodeados de salgadinhos, refrigerantes e filosofando sobre a vida além do que, estava calor demais para ficarmos enfurnados com luzes e TVs ligadas. Essa nossa conversa, na verdade, é tema recorrente quando nos encontramos. E, falando da vida em si, é inevitável que se toque em assuntos como qualidade de vida, o que queremos para o futuro, onde pretendemos estar daqui há cinco ou dez anos, etc.
Mal entrei e já foram dizendo: Chegou quem faltava para nos tirar do impasse. Qual sua opinião: Ganhar dinheiro ou fazer o que gosta? Ora, pensei, por que não posso ganhar dinheiro fazendo o que gosto? Iniciamos um embate de ideias temperado por frustrações, desafios, objetivos, mercado de trabalho, etc. Entendo a visão deles e sei que nem sempre conseguimos nos estabelecer fazendo o que gostamos. Mas não é razão para desistir e aceitar qualquer emprego que apareça a menos, claro, que o momento pelo qual se está passando exija isso. E mesmo que estejamos exercendo uma profissão na qual não estamos felizes mas ao menos pagamos as contas nada impede de buscar melhores oportunidades. Em 2009 publiquei um texto que tocava nesse tema e vale relembrá-lo. Eis o link.
Outro assunto que não podia ficar de fora é a cidade de São Paulo. Todo mundo tinha algo a reclamar: trânsito, sujeira, saturação do mercado, poluição, falta de segurança, etc. E quase todos expressaram a vontade de sair daqui e buscar qualidade de vida em outras cidades. Eu seria hipócrita se dissesse que isso nunca me ocorreu. São Paulo é um caos. A vontade de mudar para um lugar melhor só aumentou quando voltei de Gramado no ano passado. Penso em morar na Serra Gaúcha todos os dias. Mas não é algo que vejo acontecendo tão rápido.
Ainda há muito a fazer em São Paulo. É aqui que está o meu mercado. É daqui que virá o dinheiro para que, no futuro, eu possa viver dias de tranquilidade com a esposa (e futuros filhos) em um lugar onde nossos corações se sintam realizados. E mesmo com todos os seus problemas, não vejo São Paulo com esse olhar de ódio que muitos enxergam. É o caso do amigo Rod Pereira, que viveu um tempo na Austrália, acostumou-se à qualidade do Primeiro Mundo, retornou à São Paulo e não conseguiu se readaptar ao caos, decidindo mudar novamente de cidade e focar-se naquilo que deseja para sua vida. No caso do Rod, seu objetivo profissional independe da geografia, o que lhe confere uma vantagem. Mas mudar-se daqui por causa de problemas é levar os problemas com você. Com isso não quero desestimular os que buscam vidas melhores em outros lugares. Apenas sinto que minha hora ainda não chegou. Não me vejo envelhecendo em São Paulo, mas, por enquanto, é aqui que preciso estar. E por fazer esta escolha é que não fico criticando (muito), apenas procuro me isolar das coisas que me desagradam e crio minha própria qualidade de vida, dentro dos limites possíveis. Reclamar só aumenta a frustração. Xingar o trânsito todos os dias não fará as ruas esvaziarem.
Por fim, para os que buscam a qualidade de vida, é preciso saber exatamente o que se deseja, pois aí tudo ao redor perde o encanto e conseguimos nos focar no objetivo. Sem isso, você viverá patinando em sonhos e possibilidades. O amigo Ariovaldo dos Santos me disse uma frase certa vez que ficou gravada na minha mente: Metas são sonhos com prazo de validade. Se você não estipular um prazo para conseguir o que quer, passará o resto da vida sonhando. É o que decidi fazer. Traço pequenas metas nem muito impossíveis e nem muito fáceis e centralizo meus esforços nesse objetivo. Tendo êxito, crio outra meta, estipulo um prazo e começo tudo de novo. É o conselho que posso dar: Se você quer alguma coisa, estipule primeiramente QUANDO deseja obter o que quer. Só então as coisas começam a acontecer.
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