Existem lugares que tocam nosso imaginário, nos fazem sonhar e mudam nossa forma de ver o mundo. Para uns é uma praia paradisíaca; para outros é uma agitada metrópole. Há quem aponte a Disney como lugar mágico. E outros ainda elegem alguma cidade europeia como sua dileta.
Todas essas opiniões são válidas, pois resultam de sentimentos e experiências individuais. É ótimo enxergar Nova Iorque ou Milão pelos olhos de quem as ama — ainda que não concordemos com tudo, levamos suas impressões ao visitar esses lugares.
Para mim, esse lugar idílico é a cidade de Gramado, na Serra Gaúcha (RS). Estive lá pela primeira vez em 2010, em lua-de-mel, e confesso que fui sem grandes pretensões. Na época o destino original era outro, mas trocamos na última hora por simples questão de custo/benefício — ficaríamos mais dias lá do que no destino inicial. Mas bastou chegar à cidade para me apaixonar por ela — quem acompanha o blog já viu meus outros posts sobre o assunto.
E volto ao tema outra vez. Para celebrar o aniversário de casamento, minha esposa e eu revisitamos a cidade que tanto nos encantou. E Gramado, generosa, mostrou-se ainda mais charmosa. Muito do que lembrávamos estava melhor; e o que não conhecíamos nos ofereceu grata surpresa.
Como há muito para contar, dividirei o relato em outros posts. Para este, ficam as impressões do primeiro dia.
Como na primeira vez, chegamos à cidade por volta do meio-dia, famintos. O traslado de Porto Alegre a Gramado leva cerca de duas horas, percurso no qual você aprecia a bucólica paisagem na subida da serra enquanto sonha com os pratos que irá degustar.
Desta vez já tínhamos um destino definido, a Cantina Pastasciutta, sugestão do amigo Marco Andrei (já falei dele aqui), que mora em Porto Alegre e combinou de nos encontrar lá para almoçarmos. O dia estava frio, nublado e chuvoso — quem me conhece sabe que adoro dias assim. E caminhar do hotel à cantina reavivou todos os sentimentos que eu tinha pela cidade — ah, como era bom estarmos lá novamente!
Gramado: Cantinas, caminhadas e cafés
Localizada no número 2083 da Av. Borges de Medeiros, no Centro, a Cantina Pastasciutta faz parte do tour gastronômico de Gramado. É lugar aconchegante e rústico, como toda boa cantina deve ser. Todo decorado com motivos típicos italianos — destaque para os lustres feitos com escorredores de macarrão. E o aroma vindo da mesa de antepastos, com seus queijos, salames, azeitonas, pães e patês só torna a experiência ainda melhor.
Quando chegamos a casa estava vazia, mas em questão de meia hora as mesas lotaram. Então aqui vai a primeira dica: Se quiser comer lá, chegue cedo! A cantina é muito disputada, principalmente nos finais de semana, onde famílias inteiras inundam a casa.
Para a massa, minha esposa e eu optamos pela lasanha aos quatro queijos (ou quatro formaggio). Com a fome no ápice, perguntei ao garçom se o prato servia duas pessoas. Ele respondeu: “É bem servido“. E aqui vai a segunda dica: Se algum garçom na Serra Gaúcha lhe disser que um prato é ‘bem servido’, acredite. Ele serve não só duas, mas quatro ou até cinco pessoas. Quando a lasanha chegou, veio o susto: era enorme!
A gigantesca travessa saiu do forno direto para nossa mesa. E o queijo borbulhava por cima. Que me perdoem as tradicionais cantinas de São Paulo, como Gigetto e Família Mancini, mas a lasanha da Pastasciutta vence disparado. Até minha esposa, que não é tão chegada a massas como eu, rendeu-se ao prato. Some-se a isso nossa animada conversa regada a bom vinho com Marco Andrei e sua esposa Ana, e temos aí uma tarde inesquecível. E é revigorante conversar com pessoas cultas. Fala-se de vários assuntos e não se vê o tempo passar.
Após o almoço, para diminuir a culpa e as calorias, fomos caminhar pela bela Av. Borges de Medeiros. Parte de meu coração eu deixei nessa avenida anos atrás. E poder voltar à ela, admirando suas belas lojas e a arquitetura alemã, marejou-me os olhos. Se você é, como eu, apaixonado pela Europa e seus encantos, então conhece a sensação.
O frio aumentava ao cair da noite e a cidade ganhava ares mágicos. O cenário assumiu forte coloração azul, enquanto luzes douradas despontavam aqui e ali, oriundas das lojas e cafés na avenida. Era como um enorme brinquedo começando a funcionar após alguma criança dar-lhe corda. E lá estava eu, ao lado da mulher que amo, acompanhado de amigos queridos e caminhando por uma cidade mágica.
Paramos para um café (e mais prosa) na famosa Casa da Velha Bruxa, onde servem chocolates, doces e lanches sensacionais — falo mais sobre ela neste post, pois foi um lugar para onde voltamos diversas vezes.
No fim do dia, nos despedimos de Marco e Ana, que retornaram a Porto Alegre. Nosso primeiro dia em Gramado havia sido perfeito. E no dia seguinte receberíamos duas novas companhias a quem apresentaríamos a cidade.
A segunda parte da viagem você confere aqui aqui »
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