Michelangelo foi um dos maiores artistas do Renascimento italiano e seu legado vive até hoje. Sua maior obra-prima foi provavelmente o interior da Capela Sistina, que ele adornou com uma impressionante variedade de afrescos bíblicos, um feito surpreendente de esforço artístico que levou mais de seis anos para ser concluído, de 1508 a 1512. Um dos afrescos mais comentados da Capela Sistina é a “Criação de Adão” de Michelangelo, ilustrando Deus estendendo a mão e tocando o dedo de Adão para dar-lhe o dom da vida. É uma cena complexa com muitas camadas de simbolismo, levando muitos a perguntar qual é o significado mais profundo por trás dessa obra de arte de tirar o fôlego.
O significado mais direto na Criação de Adão de Michelangelo é o momento em que Deus criou a vida humana, conforme descrito no Livro do Gênesis na Bíblia: “Então Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. E domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam sobre a terra”. Michelangelo escolheu ilustrar esse momento com total clareza, pintando Deus estendendo a mão e tocando o dedo de Adão com o seu, para criar a primeira grande centelha de vida.
Muitos examinaram a composição de Michelangelo com mais detalhes e encontraram possíveis sugestões para outros significados ocultos. Um argumento defendido de forma convincente pelo Dr. Frank Lynn Meshberger é que a forma da cortina e dos anjos que cercam Deus se assemelha à de um cérebro humano – incrível, não? Meshberger notou correlações surpreendentes entre o desenho de Michelangelo e a anatomia de um cérebro real, observando os sulcos no cérebro interno e externo, o tronco cerebral, a artéria basilar, a glândula pituitária e o abismo óptico – esse nível surpreendente de precisão revela a profunda compreensão de Michelangelo da anatomia humana, e seu desejo de imbuir isso no significado de sua arte.
Ainda mais surpreendente, Meshberger observa como Deus alcança o lado emocional do cérebro, a área que lida com a criatividade e o intelecto. Adão já está vivo e totalmente consciente na pintura de Michelangelo, argumenta Meshberger, então não é apenas o dom da vida que está sendo concedido a Adão neste momento, mas algo mais – o dom da habilidade artística e acadêmica.
Michelangelo acreditava profundamente que seu talento artístico era um dom dado por Deus que ele estava destinado a compartilhar e, de certa forma, talvez, Michelangelo veja sua própria imagem no corpo e na mente de Adão. Talvez, também, ele veja toda a humanidade e o incrível despertar da capacidade humana que ocorreu durante a Renascença, que levou a momentos de avanço tão incríveis. É como se Michelangelo estivesse instruindo todas as pessoas a lutarem pelo mais alto nível de realização possível, porque recebemos o dom divino da consciência.
É interessante notar também que o braço de Deus está totalmente esticado, enquanto a mão de Adão está caída, quase como um sinal de desinteresse. O que traz a mensagem de que Deus está constantemente se entregando a nós, mas cabe aos humanos se esforçarem para alcançar o divino.
Mais uma referência anatômica também foi feita em relação à Criação de Adão de Michelangelo, adicionando outras possíveis camadas de significado à pintura. Tem sido sugerido por muitos que a forma da criação em que Deus e os anjos encontram-se também se assemelha à de um útero e placenta. Alguns até compararam o círculo de anjos ao fundo com a superfície da placenta e a linha que une o braço estendido de Deus com o de Adão com um cordão umbilical.
Essa conexão aponta para uma crescente consciência significativa da ciência e da compreensão anatômica durante o Renascimento, embora talvez Michelangelo não soubesse até que ponto elas viriam a eclipsar as ideologias religiosas da época.
Curiosamente, observou-se que a presença de Deus é muito mais dominante do que a de Adão na cena de Michelangelo, o que talvez seja compreensível, já que ele é retratado como o criador de toda a vida e de todo o universo. Mas o outro braço de Deus também envolve o de uma personagem feminina proeminente, talvez uma contraparte materna do papel de Deus como ‘pai’. É quase como se Michelangelo estivesse nos dizendo que entende a importância das mulheres no parto e na criação.
E você? Quais são suas impressões sobre esta belíssima e inspiradora obra de arte? Deixe sua resposta nos comentários!
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