Não se pode apontar precisamente o local e a época em que o vinho foi feito pela primeira vez, do mesmo modo que não sabemos quem foi o inventor da roda. Uma pedra que rola é um tipo de roda; um cacho de uvas caído, potencialmente, torna-se um tipo de vinho. O vinho não teve que esperar para ser inventado: ele estava lá, onde quer que uvas fossem colhidas e armazenadas em um recipiente que pudesse reter seu suco.Há dois milhões de anos já coexistiam as uvas e o homem que as podia colher. Esses fatos fazem supor que, mesmo não existindo evidências claras, esses povos conheceram o vinho. Os arqueólogos aceitam acúmulo de sementes de uva como evidência (pelo menos de probabilidade) de elaboração de vinhos. Escavações em Catal Hüyük (talvez a primeira das cidades da humanidade) na Turquia, em Damasco na Síria, Byblos no Líbano e na Jordânia revelaram sementes de uvas da Idade da Pedra (Período Neolítico B), cerca de 8000 a.C. As mais antigas sementes de uvas cultivadas foram descobertas na Georgia (Rússia) e datam de 7000 – 5000 a.C. (datadas por marcação de carbono).
A mais citada de todas as lendas sobre a descoberta do vinho é uma versão persa que fala sobre Jamshid, um rei persa semi-mitológico que parece estar relacionado a Noé, pois teria construído um grande muro para salvar os animais do dilúvio. Na corte de Jamshid, as uvas eram mantidas em jarras para serem comidas fora da estação. Certa vez, uma das jarras estava cheia de suco e as uvas espumavam e exalavam um cheiro estranho sendo deixadas de lado por serem inapropriadas para comer e consideradas possível veneno. Uma donzela do harém tentou se matar ingerindo o possível veneno. Ao invés da morte ela encontrou alegria e um repousante sono. Ela narrou o ocorrido ao rei, que ordenou, então, que uma grande quantidade de vinho fosse feita e Jamshid e sua corte beberam da nova bebida.
O amor dos gregos pelos vinhos pode ser avaliado pelos “Simpósios”, cujo significado literal é “bebendo junto”. Eram reuniões (daí o significado atual) onde as pessoas se reuniam para beber vinho em salas especiais, reclinados confortavelmente em divãs, onde conversas se desenrolavam num ambiente de alegre convívio. Todo Simpósio tinha um presidente cuja função era estimular a conversação. Embora muitos Simpósios fossem sérios e constituídos por homens nobres e sábios, havia outros que se desenvolviam em clima de festa, com jovens dançarinas ao som de flautas. Entre as muitas evidências da sabedoria grega para o uso do vinho são os escritos atribuídos a Eubulus por volta de 375 a.C.: “Eu preparo três taças para o moderado: uma para a saúde, que ele sorverá primeiro, a segunda para o amor e o prazer e a terceira para o sono. Quando essa taça acabou, os convidados sábios vão para casa. A quarta taça é a menos demorada, mas é a da violência; a quinta é a do tumulto, a sexta da orgia, a sétima a do olho roxo, a oitava é a do policial, a nona da ranzinzice e a décima a da loucura e da quebradeira dos móveis.”
Após a queda do Império Romano, seguiu-se uma época de obscuridade em praticamente todas as áreas da criatividade humana e os vinhedos parecem ter permanecido em latência até que alguém os fizesse renascer. Chegamos à Idade Média, época em que a Igreja Católica passa a ser a detentora das verdades humanas e divinas. Felizmente, o simbolismo do vinho na liturgia católica faz com que a Igreja desempenhe, nessa época, o papel mais importante do renascimento, desenvolvimento e aprimoramento dos vinhedos e do vinho.
Assim, nos séculos que se seguiram, a Igreja foi proprietária de inúmeros vinhedos nos mosteiros das principais ordens religiosas da época, como os franciscanos, beneditinos e cistercienses (ordem de São Bernardo), que se espalharam por toda Europa, levando consigo a sabedoria da elaboração do vinho. Dessa época são importantes três mosteiros franceses. Dois situam-se na Borgonha: um beneditino em Cluny, próximo de Mâcon (fundado em 529) e um cisterciense em Citeaux, próximo de Beaunne (fundado em 1098). O terceiro, cisterciense, está em Clairvaux na região de Champagne. Também famoso é o mosteiro cisterciense de Eberbach, na região do Rheingau, na Alemanha. Esse mosteiro, construído em 1136 por 12 monges de Clairvaux, enviados por São Bernado, foi o maior estabelecimento vinícola do mundo durante os séculos XII e XIII e hoje abriga um excelente vinhedo estatal.
Da Europa, através das expedições colonizadoras, as vinhas chegaram a outros continentes, se aclimataram e passaram a fornecer bons vinhos, especialmente nas Américas do Norte (Estados Unidos) e do Sul (Argentina, Chile e Brasil) e na África (África do Sul). A uva foi trazida para as Américas por Cristóvão Colombo, na sua segunda viagem às Antilhas em 1493, e se espalhou, a seguir, para o México e sul dos Estados Unidos e às colônias espanholas da América do Sul. As videiras foram trazidas da Ilha da Madeira ao Brasil em 1532 por Martim Afonso de Souza e plantadas por Brás Cubas, inicialmente no litoral paulista e, depois, em 1551, na região do Tatuapé.
Para começar 2008, pensei em escrever alguma crítica – já estava até imaginando argumentos contra Lula, o PT e os esquerdistas em geral. Mas por que estragar o início do ano dessa forma? Falemos de coisas agradáveis, como o vinho. Dificilmente tomo bebida alcoólica fora de ocasiões especiais – na virada do ano, por exemplo, alternei entre champanhe e batida de pêssego. Não gosto de cerveja, prefiro chope, e ainda assim dá pra contar nos dedos de uma mão as vezes que bebo chope durante o ano.
Mas o vinho sempre exerceu certa fascinação em mim. É – como dizem – um alimento líquido que remonta às origens da civilização. Vinho é algo refinado, que deve ser apreciado em doses moderadas e não ingerido descontroladamente para matar a sede – tanto é que numa refeição com vinho, sempre se bebe água junto. Quando chega o frio, experimente unir queijos finos a taças de vinho. E todo esse teor clássico, histórico e sedutor do vinho há muito vem me conquistando.
Você pode conhecer alcoólatras de cerveja, pinga, cachaça e uísque. Mas dificilmente encontrará um alcoólatra dependente de vinho. Não que inexistam, mas são raros. Ninguém entra num boteco e pede uma garrafa de vinho.
Então, 2008 é o ano que elegi para aprofundar meus conhecimentos sobre vinhos. Não tenho pretensão alguma de ser expert enólogo. Nada disso. Quero apenas ter conhecimento suficiente que me faça apreciar melhor a bebida. De uns tempos pra cá, os refrigerantes perderam o encanto. Assim, vejo o vinho como a evolução natural da minha escolha por bebidas.
E vinho não é bebida para ser degustada sozinho. Quem bebe sozinho é infeliz. Portanto, aproveito que minha noiva também expressou interesse em aprofundar seus conhecimentos sobre vinho para, juntos, nos aventurarmos nesse universo. Fui ver o preço de alguns cursos e, assustado, constatei que estão muito fora do orçamento. Melhor ser autodidata, por enquanto. Os trechos da história do vinho que inicia este post foram extraídos da Introdução à Enologia, um simples arquivo de Word contendo os princípios básicos da produção de vinhos, os tipos existentes, a escolha certa para as formas corretas de degustação e muitas outras dicas. Ao leitor interessado, posso enviar o arquivo por e-mail. Outro bom ponto de partida, repleto de informações, é o site Academia do Vinho (www.academiadovinho.com.br). Vale a visita.
Comecemos, então, 2008 com um brinde. Santé!
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O ano que você elegeu para virar um conhecedor de vinhos eu elegi para me afastar dele, hahaha. Bom, o importante é que elegemos alguma coisa e essa coisa não foi o Lula, que por sinal não aprecia vinho mas cachaça mesmo.
Embora não vá mais beber vinho (ou pelo menos não fermentado) eu confesso que o vinho é realmente uma bebida excelente.
ola.. por favor envie esse arquivo para mim. obrigado