Eu, galhofeiro

postado em: Cotidiano 2

Um leitor (ou leitora) do blog, escondido sob o pseudônimo de ‘Internauta’, comenta meu texto a respeito do livro O Segredo por Ana Maria Braga. É de eloqüência tamanha que o reproduzo abaixo, na íntegra:

Ridículo este post. Absolutamente descartável. Não fecunde a inveja e negatividade!

Leu e não entendeu. É o que concluo. Ora, sarcasmo não significa necessariamente inveja ou negatividade. É apenas sarcasmo – a palavra vem do latim sarcasmu e do grego sarkamós, que significa zombaria, ironia ou galhofa. Nesse texto ainda incluí o link para minha crônica original, onde comento o livro O Segredo, que deu origem à onda de revival da auto-ajuda. E mesmo lá, onde uso de mais sarcasmo ainda, não desmereço o tema. Apenas explico que o ‘segredo’, de secreto não tem nada, e que a autora, Rhonda Byrne, usa de conceitos há muito apresentados por Napoleon Hill e Andrew Carnegie, desbravadores do gênero. Conceitos esses que, por sua vez, estão presentes em praticamente todas as religiões.

Mas no caso de Ana Maria Braga acredito que não se trate apenas de pegar carona nessa moda. Acho que, entusiasmada ao descobrir o que já sabia, ela resolveu contar ao mundo a sua versão do óbvio. Afinal, quem nunca leu algo e pensou “eu queria ter escrito isso”? Mesmo assim, usando o comentário do(a) Internauta, o livro dela sim é descartável, pois mostra o que todos os outros já mostraram. Ou não? Os leitores do gênero nunca parecem satisfeitos – ou nunca entendem nada do que lêem.

Uma rápida olhadela na comunidade sobre o Segredo, no Orkut, mostra tópicos e tópicos com questões do tipo “como conseguir já o que você quer” ou “como faço a lei da atração funcionar”. Ora, se com toneladas de livros de auto-ajuda publicadas à exaustão durante décadas as pessoas ainda precisam perguntar ‘como se faz’, é porque tem algo errado. Ou não sabem ler; ou leram e não entenderam patavina – como é o caso do(a) Internauta; ou leram, não entenderam e acham que em outro livro a coisa estará melhor explicada – talvez com ilustrações, quem sabe?

Meu irmão costuma recitar uma frase sobre o Segredo: Os ricos leram, gostaram e continuam ricos. Os pobres leram, gostaram e continuam pobres. Tem lá sua lógica.

Se uso de sarcasmo, é porque a situação praticamente implora por isso. Ainda nas raias do Orkut, vi fãs de uma escritora reclamando que os primeiros livros dela eram bons, enquanto os novos não passavam de repetições, sem apresentar nada novo. Mesma coisa da auto-ajuda. Lêem, acham a descoberta sensacional, mas partem para o próximo livro em busca de explicações mastigadas.

É como se alguém perguntasse como se faz para chamar o elevador e obtivesse a resposta: aperta o botão. Não satisfeita, pergunta a outro e ouve: aperta o botão. Consulta-se com um terceiro e: aperta o botão. Maravilhada com a descoberta, pergunta a um quarto, quinto e sexto, para descobrir que deve apertar o botão para chamar o elevador. Então chega um ponto em que ela reclama da mesmice das respostas, achando que alguém poderia ao menos explicar como levantar o braço (direito ou esquerdo?), esticar o dedo e pressionar (com força ou suavemente?) o botão. Ou, se for vivaldina, ela pode escrever um entusiasmado livro explicando que se deve apertar o botão para chamar o elevador – sem necessariamente jamais ter apertado o botão pra ver se o elevador vem mesmo.

Preciso falar ainda sobre negatividade?

Seguir Emilio Calil:
Empresário, Palestrante e Escritor. ⚡ Fundador do Marketing de Transformação, que emprega técnicas de autoconhecimento e coerência para elevar o espírito de pessoas e empresas.

2 Responses

  1. Mariana
    | Responder

    Oi Emílio…..

    Gostei de sua colocação…as pessoas são assim mesmo…e o pior de tudo é que são essas pessoas que chamam o elevador para subir apertando a seta para baixo!!!!! Vai entender……….(os elevadores!!!hihihihi)

  2. Miguel da Silva Ribeiro
    | Responder

    É Emílio, as pessoas vivem buscando encontrar atalhos na vida, talvez por isso se pegam repetidas vezes diantes de manuais de como viver bem e de como alcançar todos os seus objetivos! Mas na vida não há atalhos, devemos vivê-la em todas as suas etapas! Somente a vivência (e a convivência) traz a sabedoria, o esclarecimento e a felicidade. Viver e Aprender, isso não é segredo! Abraço.

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