Categorias: Cotidiano

Professias se cumprindo

Escrevi este texto em abril de 2005. Segue abaixo um resumo, com atualizações minhas:

O ÚLTIMO A SAIR APAGA A LUZ
Recentemente (era março de 2005) estive no II Congresso Infra, evento que reuniu grandes nomes da engenharia para discutir as últimas tendências e processos de facility management […]. Como o facility management tem por objetivo reduzir custos para as empresas, o levantamento com gastos em energia também faz parte do processo, sugerindo formas de economia e oferecendo alternativas de geração de energia. E foi justamente esse um dos temas abordados durante o congresso: Energia. O palestrante, Rodrigo Aguiar Lopes, membro da ABESCO, não fez muitos rodeios e pintou um quadro bastante preocupante para o país nesse setor […].

De acordo com Rodrigo, o consumo de energia no Brasil vem crescendo em velocidade espantosa, enquanto a demanda permanece estagnada. Não é preciso muito para imaginar o que acontece quando você tenta extrair de uma tomada mais energia do que ela pode gerar. Para confirmar o fato, basta olharmos para os últimos meses (entre 2004 e 2005), onde voltamos a temer o famigerado “apagão”, que vem ocorrendo em diversas localidades do país […].

O Brasil não tem um problema insolúvel de energia. Pelo contrário, há interesse, vontade e capacidade para resolvê-lo – por parte da iniciativa privada, claro. A atual política de Lula nesse setor vem se mostrando catastrófica e deixa de mãos atadas aqueles que podem ajudar. Em 2001, quando começou a história do “apagão”, o governo FHC tomou a medida mais racional: Começou a privatizar o setor, permitindo a entrada de várias empresas geradoras, que venderiam a energia sob diversas formas – uma padaria, por exemplo, que tem um consumo modesto, porém, maior do que uma residência, poderia comprar uma quantidade menor de energia, vinda de um fornecedor menor, enquanto grandes consumidores comprariam de grandes geradores. Isso criaria um impacto financeiro muito positivo, pois, desafogaria o governo e permitira às empresas privadas fornecerem serviços melhores e com valores diferenciados.

Porém, ao assumir a presidência, Lula disse que o programa de privatizações de FHC estava totalmente errado e, por isso, iria iniciar uma nova gestão. A iniciativa privada recuou nesse momento, cheia de incertezas sobre a nova administração, e manteve-se apenas como observadora. A idéia de Lula é manter a geração de energia centralizada no Estado, sob uma política patrimonialista, impedindo que empresas privadas busquem investidores externos para capitalizar recursos e construir usinas. O problema é que o governo não tem dinheiro para investir na geração de energia. E também não deixa ninguém mais investir, pois, não quer repassar os méritos para terceiros. É mais ou menos como a história do cachorro com o osso, que não come e não sai de cima.

Coincidentemente, segunda-feira passada (era 04 de abril de 2005) surgiu a notícia sobre uma possível escassez de energia em 2009, apenas para confirmar as previsões que ouvi durante o congresso, eliminando a hipótese de exagero. Longe de mim ser um “profeta do apocalipse”, mas vocês hão de concordar que o cenário é, no mínimo, preocupante […]. Enquanto o governo não resolve o que fazer, a solução mais rápida tem sido os aumentos das tarifas. E podem esperar mais aumentos em espaços de tempo cada vez menores.

Hoje, 10 de janeiro de 2008, temos as seguintes notícias espalhadas em vários sites:

• Preços de energia elétrica e gás vão subir
• Agência prevê complicação energética no Brasil
• Térmicas têm gerado energia abaixo do esperado
• Especialistas prevêem racionamento de gás este ano
• Nível dos reservatórios no Sudeste cai para 44,6%, aponta ONS
• Ministro contesta diretor da Aneel e descarta novo apagão até 2009
• Agência prevê complicação do cenário energético no País
• Inpe também alerta para racionamento de energia
• Indústria já estuda medidas para evitar prejuízos de 2001
• Risco de apagão: Concessionárias alertam para possível aumento de energia

De dez notícias, apenas uma mostra um pensamento contrário ao apagão e racionamento, e justamente é a do ministro de Minas e Energia, Nelson Hubner, rebatendo a afirmação feita pelo diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman, de que não é impossível um racionamento de energia este ano. Para um ministro, mesmo sendo engenheiro, desmentir a declaração do presidente da Aneel e ir contra todas as previsões atuais de especialistas com muito mais entendimento do que ele, das duas uma: Ou Hubner não tem a menor idéia do que está dizendo e sequer sabe o que faz nesse cargo, ou tem uma carta na manga que solucionará todos os problemas de energia no país. Há uma terceira opção: todos os engenheiros e especialistas da área de energia no Brasil fizeram um complô desde 2004 para desacreditar o governo Lula.

A escolha de uma dessas três opções fica a critério do Q.I. do leitor, respectivamente em ordem decrescente.

Emilio Calil

Empresário, Palestrante e Escritor. ⚡ Fundador do Marketing de Transformação, que emprega técnicas de autoconhecimento e coerência para elevar o espírito de pessoas e empresas.

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Emilio Calil

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