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Comendo e aprendendo

Dia dos Namorados. A cidade completamente congestionada à noite e nenhum restaurante com menos de 1 hora – no mínimo – de espera para entrar. Não está fácil sair para jantar em datas especiais em São Paulo. Ainda assim encontrei, quase por acaso, ótimo lugar para aproveitar a noite fria ao lado da minha noiva: a Pizzaria Valentina, no Tatuapé. O lugar já foi um restaurante chamado Jardim Anália Franco, mas, apesar de muito bom, tinha pouco movimento e fechou, dando lugar à pizzaria, que parece fazer mais sucesso.

Ambiente aconchegante em estilo rústico e à meia-luz. Ou seja, propício para casais. A espera estava entre 30 e 40 minutos – suportável perto do que já havíamos encontrado. Recomendo vivamente a quem deseja passar bons momentos junto a alguém especial ou mesmo com amigos. Enquanto esperávamos nosso pedido, fui ao buffet de antepastos dar uma olhada nos queijos, frios, pães e patês disponíveis. Bem completo e variado. Fiz um prato e voltei à mesa. Um italiano nos fez companhia durante a noite e tornou tudo ainda mais agradável e ‘alegre’.

Enquanto provava os queijos com vinho, pensei comigo mesmo que adoro essa culinária que reúne ingredientes simples para criar uma refeição com ar sofisticado. Esse tipo de cozinha tem um nome: bistrô. Adoro bistrôs. Por mim, nem precisava das pizzas – apesar de estarem ótimas. O conceito dos bistrôs originou-se na França, mais precisamente em Paris. Antigamente, em Paris, os bistrôs serviam como extensão da sala de estar da família e, depois, se tornaram esses pequenos restaurantes para refeições frugais. Nos bistrôs, as pessoas não sussurram, falam alto, e os fregueses são chamados pelo 1º nome – quase um boteco, mas com um pouco mais de elegância. Nesse tipo de estabelecimento, a convivência e as relações pessoais têm tanta importância quanto a qualidade do serviço.

Ao pensar nisso, imediatamente lembrei de uma série da BBC sobre Paris que estou assistindo. É relativamente recente – 2005 ou 2006, se não me engano. A historiadora da arte, Sandrine Voillet, ciceroneia os telespectadores pela cidade-luz, revelando a história tempestuosa, a beleza imortal e a alma boêmia dessa capital apaixonante. Arte, gastronomia e cultura se fundem em um belo documentário dividido em três partes: City of Dreams, Blood and Chocolate e Bohemian Rhapsody. Infelizmente a falta de tempo ainda não me permitiu sair do primeiro capítulo.

Mas falava de bistrôs. Pois bem, no documentário Sandrine visita um bistrô e o animado garçom explica a origem dessa palavra que, até então, eu acreditava ser francesa. A palavra ‘bistrô’ tem origem russa. Na época em que Pedro, o Grande expulsou Napoleão de Paris e suas tropas ocuparam a cidade, os soldados russos iam aos restaurantes e, com medo de serem vistos pelos seus superiores, gritavam “bistrô! bistrô!”, que significa “rápido! rápido!” em russo. Talvez isso não seja novidade para alguns leitores, mas foi para mim.

Acho fascinante descobrir coisas desse tipo. A gastronomia está intimamente vinculada à história da humanidade. E boa gastronomia rende boas histórias. O tempo que ficamos na Valentina foi mágico e o ambiente certamente remeteu-me aos bistrôs de Paris e à vontade de degustar os pães, queijos, patês e vinhos lá na terra de Descartes. Enquanto isso ainda não é possível, fico com o documentário da BBC. Tentei encontrá-lo aqui no Brasil, mas sem sucesso, portanto, se o leitor estiver interessado em passear pela França através da telinha do computador, indico nos links abaixo a opção de download dos arquivos torrent para os três vídeos (cada parte tem 697 MB) do documentário. Ele é falado em inglês e legendado em inglês quando há diálogos em francês. Mesmo quem não entende nem um nem outro idioma consegue pegar o sentido do documentário. E se não entender, aproveita o visual.

[BBC] Paris: City of Dreams (1 de 3)
[BBC] Paris: Blood and Chocolate (2 de 3)
[BBC] Paris: Bohemian Rhapsody (3 de 3)
Emilio Calil

Empresário, Palestrante e Escritor. ⚡ Fundador do Marketing de Transformação, que emprega técnicas de autoconhecimento e coerência para elevar o espírito de pessoas e empresas.

Ver comentários

  • Legal essa história do Bistrô, eu não conhecia, e não sabia que existiam restaurantes chamados bistrôs. Só não gostei muito disso de se poder falar alto. Eu prefiro locais mais silênciosos, mas gostei de saber que servem pratos simples.

  • Pois é, Emerson, os bistrôs são, na verdade, categorias de restaurantes. Assim como os ‘cafés’, que não vendem apenas café. E veja que a Valentina não é um bistrô, é uma pizzaria. É que a mesa onde fiquei e a opções de antepasto me lembraram os bistrôs. Para conhecer melhor a história dos bistrôs, esta é uma boa leitura:
    http://vejasaopaulo.abril.com.br/materias/m0124712.html

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Emilio Calil

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