Bebendo em outras fontes

Gosta de histórias em quadrinhos? Então você provavelmente conhece dois grandes ícones desse universo: Frank Miller e Alan Moore. Ambos produziram obras memoráveis. Se falarmos em Batman, Miller nos brindou com O Cavaleiro das Trevas e Moore com A Piada Mortal. E há muito mais: Watchmen, V de Vingança, 300, Ronin, Demolidor, Elektra, Monstro do Pântano. A lista é enorme.

Cada um desses autores tem um estilo único de contar histórias. Miller prefere ação, enquadramentos dramáticos e roteiros que se desenvolvem rápido. Já Moore é mais introspectivo, aprofunda-se na trama e na personalidade de cada integrante da história, preferindo diálogos tensos a cenas de ação. Essa diferença não se dá sem motivo. As fontes de inspiração desses autores são nitidamente distintas.

Frank Miller sempre usou o cinema como referência – compare o primeiro filme do Robocop aos quadrinhos do Cavaleiro das Trevas e notará boas semelhanças, como a trama sendo resumida na forma de noticiários de TV, entre outras. Não por acaso, Miller acabou sendo convidado para escrever o roteiro de Robocop 2 (que não foi lá essas coisas). Se Frank Miller é mais ‘hollywoodiano’, podemos dizer que Alan Moore é mais ‘shakespeariano’. Suas inspirações vêm da literatura, de romances clássicos e obras de ficção e fantasia como as de Edgar Alan Poe, entre outros. E note que o cinema busca inspiração na literatura, que por sua vez inspirou-se nas tradições orais e musicais dos povos da antiguidade sobre relatos históricos, religiosos e mitológicos.

São essas referências externas que fizeram as obras desses dois autores se destacarem das demais e serem cultuadas até hoje. Claro que são talentosos, mas muitos outros na indústria dos quadrinhos também são. Eles se diferenciaram porque foram buscar inspiração em outros lugares para seus trabalhos, em vez de apenas olhar ao redor e fazer o que estava ao alcance dos olhos. Em marketing e publicidade, isso é chamado de ‘pensar fora da caixa’ (do inglês out-of-box), ou seja, fugir do convencional, ir na contramão de idéias pré-estabelecidas, fazer mais do que se espera para alcançar o inusitado.

Se você trabalha com cinema, os filmes são sua única fonte de referência? Se trabalha com quadrinhos, só busca notícias sobre isso? Se você é designer, olha apenas o trabalho de outros designers ou inspira-se em uma música? Se você é escritor, que outras referências tem além de livros? Por que um comentarista esportivo não poderia, sei lá, citar Schubert?

Seja você patrão ou empregado, advogado ou faxineiro, o que o torna diferente dos outros? O que você faz para se destacar do convencional? De onde vem a inspiração que o torna único?

Você pensa fora da caixa?

Emilio Calil

Empresário, Palestrante e Escritor. ⚡ Fundador do Marketing de Transformação, que emprega técnicas de autoconhecimento e coerência para elevar o espírito de pessoas e empresas.

Ver comentários

  • Excelente! Agora, o pior é que tem gente que não pensa nem dentro da caixa, quanto mais fora. Esses são os que estão no lugar errado, no trabalho errado. As vezes não adianta muito ficar insistindo num tipo de trabalho do qual não se tem nenhuma afinidade. É como o caso de um pedreiro que insiste em ser padeiro, mas nunca faz um bom pão. Se um dia ele pensar fora da caixa, vai se descobrir.
    Eu diria que é importantíssimo para um bom profissional pensar fora da caixa e também, pensar sobre si mesmo, porque pode ser que eu esteja no lugar errado.

  • Boa Ervilho... excelente texto!! Como nosso amigo Emerson citou, tem neguinho que não pensa nem de um jeito, nem do outro... por isso o mercado brasileiro peca em mtos aspectos, mas não podemos esquecer que muitas pessoas não tem opção de trabalhar com o que gosta, como é o nosso caso.. aí caímos no grande problema brasileiro que nem precisamos citar!! Parabéns pelo assunto e veio em boa hora.. preciso pensar fora da caixa para fazer o editorial da Start Playstation 05... obrigado pela força.. mesmo que indiretamente!!
    Grande abraço!!

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Emilio Calil

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