Um dos meus antigos posts, com dicas sobre a cidade de Gramado, no Rio Grande do Sul, fez (e ainda faz) relativo sucesso e é tema recorrente de acessos ao blog. Algum tempo atrás recebi e-mail do leitor Rodolfo que me cobrou a segunda parte do texto, pois havia prometido também dicas de passeios e gastronomia em Canela e Nova Petrópolis – também cidades da região da Serra Gaúcha. De fato eu prometi mesmo, portanto, saldo aqui a minha dívida.
Rodolfo viaja para lá no fim do ano e nada mais justo do que muni-lo de algumas sugestões e fotos para aproveitar melhor sua estadia. Segundo ele, é a realização de um sonho. Ele me fez um pedido especial, para que mencionasse a Brocker Turismo (www.brockerturismo.com.br | @brockerturismo) pelo atendimento que recebeu do pessoal e pela ajuda na realização desse sonho, por isso, transmito aqui o agradecimento à Brocker – não os conheço e nem estou ganhando nada pela propaganda, mas como o pedido do Rodolfo foi bastante sincero, aí está.
E vamos às dicas:
Caminhar pelas ruas de Canela é sempre uma atividade prazerosa. Você aprecia as belas construções alemãs, desliza tranquilamente observando lojas e restaurantes e se perde em momentos onde qualquer coisa que se pareça com ‘pressa’ perde o significado. Sua mente desacelera e você entende o que é qualidade de vida.
Infelizmente não bati pernas pela cidade tanto quanto gostaria, mas vi o essencial. Se quiser fazer compras, Canela é opção um pouco mais interessante para alguns itens. Uma jaqueta de inverno, por exemplo, dessas próprias para resistir à neve (tão útil aqui em São Paulo), custava em Gramado cerca de R$ 450, e em Canela encontramos uma parecida por uns R$ 120. Portanto, ande e compare.
Imprescindível passar pela majestosa Catedral de Pedra, na Praça Matriz. Ela se encontra no centro de Canela e sua construção, em estilo gótico inglês, transpira imponência. Possui uma torre de 65 metros de altura e um imenso jardim florido na parte externa. Um detalhe interessante é que a catedral pode ser vista de praticamente qualquer lugar da cidade.
À direita da catedral você verá uma sequência de lojas de objetos de cristal, artesanatos e souvenires que valem a visita. Nessa mesma rua há uma entrada recuada, formando uma viela. Ali existe uma loja de queijos, vinhos e chocolates – na qual é fácil entrar e difícil sair.
Quem viaja para a Serra Gaúcha busca a gastronomia local, influenciada pelas culinárias alemã e italiana. Mas às vezes bate vontade de provar algo diferente. Em Canela encontramos um restaurante muito bom, o Maria Bonita, especializado em cozinha nordestina. Localizado na Rua Dona Carlinda, 564 – Loja 9, o buffet é bem completo e ali foi a única vez em que tomamos cerveja – todos os outros dias foram regados a vinho.
Canela também abriga o local que, de toda a Serra Gaúcha, foi o que mais me encantou, o Castelinho Caracol. Construído entre 1913/1915 pela família Franzen, o lugar hoje é um museu (no piso superior) e casa de chá (no térreo) – e serviu de cenário para novelas como “Chocolate com Pimenta” e “A Vida da Gente”. A sensação de entrar ali foi inesquecível. No dia em que visitamos o Castelinho, a manhã estava fria e o céu de um azul intenso contrastava com o verde vivo da região, fazendo aquela casa de madeira despontar no cenário como que num conto de fadas.
Ao entrar, já hipnotizado pelo visual, tive mais dois choques. O primeiro foi o forte aroma do famoso apfelstrudel da casa, que impregna os cômodos e evoca sensações e memórias que você nem sabe se são suas. O segundo foi a música alemã ambiente, animada e divertida, que faz a mente saltar para alguma região dos alpes austríacos na década de 1930. Parecia que Julie Andrews apareceria a qualquer momento cantando “The Hills are Alive“. É lugar tão mágico que não consigo lembrar sem aperto no coração e nó na garganta de saudade.
Canela também é uma cidade conhecida por suas belezas naturais e por ser propícia para praticar esportes radicais e ecoturismo. E o Parque do Caracol é exemplo disso. Belíssima região localizada entre áreas de mata de araucárias. A atração é a Cascata do Caracol, que despenca em queda livre de 131 metros por rochas basálticas – é visão de tirar o fôlego. Se você tiver coragem (e preparo físico), há uma escadaria de 927 degraus nos conduzi ao final do vale, perto da cascata. Um dia ainda os descerei. A seguir, algumas fotos de Canela.
A cidade de Nova Petrópolis não fazia parte dos meus planos originais de viagem, mas meu amigo Marco Andrei (do qual falo aqui) preparou-me um roteiro com ótimas dicas da Serra Gaúcha e ele recomendava Nova Petrópolis. Como todas as dicas dele foram perfeitas, fomos conferir a cidade.
Nova Petrópolis está um pouco mais afastada de Gramado, cerca de 40 minutos saindo da rodoviária. Chegamos lá pouco depois da hora do almoço – minha esposa, eu e dois casais de amigos que conhecemos na pousada. Como havíamos tomado um farto café da manhã, não almoçamos. Até porque uma das dicas do Andrei foi enfática: “comam no café colonial Colina Verde”. Ainda não tínhamos ido a um café colonial, mas sabíamos que era lugar para ir com apetite voraz.
Decidimos, então, perambular primeiro pela cidade. E mais uma vez a paisagem e as construções viriam a me encantar. Nova Petrópolis tem o mesmo ar calmo de Canela, transbordando tranquilidade. A cidade tem forte influência alemã – tanto que é mais comum ouvir as pessoas conversando em alemão do que em português.
Na cidade vimos algo não tínhamos visto em Gramado ou Canela: um shopping. O Shopping Imigrante, por fora, não se parece com os suntuosos templos das compras de São Paulo, mas tem um charme único com – é claro – sua arquitetura alemã. Por dentro, não foge à regra de galerias de lojas. Mas há o detalhe dele abrigar o maior relógio cuco da América do Sul. Sem mencionar que os preços de malhas e lãs foram os melhores que já tínhamos encontrado. Minha esposa comprou uma blusa que, com a ajuda de uma fivela especial, pode se transformar em doze peças diferentes. Obviamente, ao voltar para São Paulo já não lembrávamos mais como fazer nenhuma peça.
Na Av. 15 de Novembro está o Parque Aldeia do Imigrante. É sem dúvida um dos lugares mais fantásticos de Nova Petrópolis. O parque é belíssimo, esbanjando verde para todos os lados. Você começa a caminhar e se encanta a cada passo. No meio do parque há um lago plácido onde basta se debruçar nas cerca para que os peixes se aprumem nas margens, esperando migalhas. Ladeando o lago você verá um caminho fechado pelas árvores que o levará para a Aldeia do Imigrante, que dá nome ao parque.
A aldeia é a réplica de uma pequena cidade alemã, onde as pequenas casas de colonos foram transformadas em museus. Nem todas, vale ressaltar. Por incrível que pareça, ainda há pessoas morando em algumas delas (que não estão abertas à visitação). Impossível sentar em um dos bancos da praça sem imaginar que o tempo não avançou naquele lugar.
Saímos do parque e subimos a avenida de volta. Uns quinze minutos de caminhada nos levou ao centro da cidade, onde uma exuberante praça nos saudou, com direito a um belo labirinto verde feito de cerca viva.
Eram umas 17h, o sol começava a dar sinais de que iria nos deixar e a fome já se fazia sentir entre o grupo. Fomos procurar o tal café colonial Colina Verde. Soubemos que ele ficava a uns quatro quilômetros do centro, do outro lado da rodovia, no topo de uma colina (daí o nome). Resolvemos pegar um táxi.
De fato, o lugar ficava no topo de uma colina. E chamava Colina Verde. O único detalhe é que, ao chegarmos, nos deparamos com ele fechado. Descemos do táxi, olhamos pelas janelas e nada. Ficamos ali alguns minutos, perplexos, quando uma moça sai lá de dentro perguntando o que queríamos. Explicamos que viemos para o café colonial, e ela disse que o lugar servia apenas almoço até às 14h, e que deixaram de servir café colonial havia uns dois anos. Agora ele era o Restaurante Colina Verde. Lembrei do Marco Andrei na hora.
Apesar de frustrados, a visão lá de cima me rendeu belas fotos. O taxista, solícito, nos ajudou a encontrar um café colonial. Rodamos a cidade para, no fim, irmos a um lugar praticamente em frente ao Parque Aldeia do Imigrante – infelizmente não lembro o nome.
Entramos e vimos que éramos as únicas pessoas ali. O lugar era simples, rústico, mas agradável. Nunca havíamos estado em um café colonial e prontamente o garçom, Paulo, veio nos atender e explicou como a coisa funcionava: você pagava um preço único por pessoa e eles traziam os pratos na mesa até você não aguentar mais. Verdes de fome, topamos na hora.
Mas por mais fome que se tenha, ninguém é páreo para um café colonial. Passaram-se alguns minutos quando o Paulo começou a nos servir. Vieram bules de leite, café, e chá. Depois sucos. E uma jarra de vinho. E então picles e salsichas (!). E pastéis. E pães. E bolos. E tortas. E salgados. E carnes. E geleias. Aquilo beirava o absurdo. Comemos nababescamente até quase implorar pela eutanásia. E o Paulo se divertia nos olhando. Não lembro o preço exato que pagamos, mas acho que não chegava a R$ 20 por pessoa – isso há mais dois anos, não sei dizer hoje.
Enfim, à noite voltamos para Gramado, cansados, refestelados e extremamente felizes. Falamos para o taxista que nos levou de volta à pousada: “Puxa, vocês comem demais aqui!”. E ele: “Não, vocês turistas é quem comem demais. Nós comemos o suficiente”. Podíamos ter passado sem essa. Para finalizar, algumas fotos de Nova Petrópolis:
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Some-se a isso uma atenta administração que impede a cidade de crescer demais, e só concede licença para novas construções que obedeçam ao estilo arquitetônico já tradicional da cidade (aqueles prédios com telhados pontudos), e com número limitado de andares. E além de tudo, ainda tem a impressionante limpeza da cidade, as pessoas bonitas, as fábricas de chocolates, os fondues, galeterias, cafés coloniais... Resumindo em apenas uma palavra: Gramado é um paraíso!
Emilio! Parabéns! E quando vier para Serra Gaúcha, não deixe de nos visitar. Abraço de toda equipe do Castelinho Caracol, Martina
É um parque bem pequeno, dá pra passar 1 hora no máximo lá caminhando por todo o parque. Tem umas casas, estilo alemão. O parque foi inaugurado em 12 de janeiro de 1985 e fica bem no centro de Nova Petrópolis. A cidade foi colonizada práticamente por alemães, ao contrário das cidades ao redor, na qual os descendentes de italianos reinam absoluto. Tem uma aldeia bávara na entrada, um pórtico, algumas lojinhas de malhas, artesanato e produtos coloniais, um salão de baile, quiosque de apresentações do folclore da região e o restaurante Biergarten (Jardim da Cerveja). A entrada custa 5,00 reais. Ah, e tem um laguinho, que dá pra caminhar ao redor dele. O acesso ao parque é gratuito para crianças até sete anos.