Como dizia em texto anterior, nossa chegada à região da Serra Gaúcha (RS) foi marcada pela beleza da cidade de Gramado. Localizada a 850 metros acima do nível do mar, o lugar oferece um verdadeiro banquete para os olhos. O contorno verde da serra em contraste com as coloridas construções cria um espetáculo que nos transporta à Alemanha ou aos Alpes suíços.
E também como disse anteriormente, Gramado é cidade que só se revela a quem decide bater pernas por ela. Foi o que fizemos já em nosso primeiro dia. Chegamos por volta das 13h do domingo (05/09). Famintos e cansados, minha esposa e eu optamos por solucionar o primeiro problema. Após o check-in na pousada, saímos em busca de restaurantes.
Descemos a rua onde ficava a pousada e encontramos um restaurante por quilo. Paramos ali mesmo, deixando a gastronomia refinada para outro dia. O lugar era simples e a comida boa, nada de mais. Uma vez restaurados e com a tarde livre, pusemo-nos a caminhar. Continuamos andando e nos encantando com o cenário. Uma tranquilidade pairava sobre aquela tarde fria e ensolarada. Câmera em punho, fotografávamos uma cidade que posava para nós. E não éramos os únicos os cliques vinham de todos os lados.
Descendo mais um pouco, encontramos uma aconchegante padaria onde degustamos um apfelstrudel divino. Tenro, úmido e saboroso, em nada lembrava as secas e insípidas versões que já comemos. Aliás, na região há dois tipos de strudels: um coberto com fina massa folhada e outro sem massa, apenas com o recheio de maçã. Mas isso pouco importa, ambos são soberbos. Fizemos planos de retornar àquela padaria, mas não conseguimos.
Refestelados, subimos uma rua repleta de restaurantes e cafés. Um deles chamou nossa atenção ao colocar mantas de pele sobre as cadeiras na calçada, a fim de aquecer os clientes enquanto desfrutam a vista. É coisa comum na Europa e em alguns poucos restaurantes de São Paulo (onde no caso usam cobertores).
Adiante, ladeamos a Igreja Matriz de São Pedro. Bela construção do início do Séc. XX, que sobeja única em um enorme jardim no quarteirão. Foi nesse momento que notamos à nossa frente um grande aglomerado de pessoas do outro lado da avenida. O agito da cidade estava ali. Aquele foi o momento em que nos apaixonamos definitivamente por Gramado.
Adentrávamos a Av. Borges de Medeiros, que reúne as melhores lojas, cafés e restaurantes da cidade. Impecável, linda e com todo o glamour que se pode imaginar. Caminhar ali era como andar em um shopping a céu aberto. Para onde olhávamos tudo era lindo. Nossos corações se perderam nessa avenida, que se tornou a nossa dileta para caminhadas.
A aglomeração eram os habitantes e turistas curtindo o fim de tarde, aproveitando o melhor de Gramado. Assustou-nos a gentileza e educação das pessoas; e a limpeza do lugar com toda aquela gente na rua, bares e cafés, não vimos um único papel no chão. Também fomos abordados por pessoas solícitas que se prontificavam a tirar uma foto nossa. Para quem há muito se acostumou à barbárie, o choque com a civilização às vezes assusta.
Levamos três dias para notar que Gramado não possui semáforo. Os motoristas simplesmente respeitam as leis de trânsito. E para atravessar a rua, bastava por o pé na faixa de pedestre para que os carros parassem imediatamente. Minha esposa e eu atravessávamos a rua com certo ar de culpa, como se estivéssemos atrapalhando o trânsito.
A caminhada pela Borges continuou. A bela Praça Major Nicotetti nos esperava à frente. Flores sobressaíam para onde quer que se olhasse. As lojas uma mais convidativa do que a outra. Aliás, lojas de chocolate, queijos e vinhos é o que não falta. Poucos metros à frente, avistamos o Palácio dos Festivais, onde ocorre o famoso Festival de Cinema de Gramado. À frente do palácio, uma rua coberta com outra infinidade de bares e restaurantes, todos irrecusáveis. Infelizmente não pudemos conhecer todos por dentro. Teremos de voltar para retificar esse erro.
É difícil distinguir entre prédios comerciais, residenciais e hotéis. Todos seguem o mesmo padrão de arquitetura e respeitam a lei que proíbe construir mais de quatro andares. Ou seja, Gramado é uma cidade horizontal, o que torna as caminhadas prazerosas. Você anda muito e não percebe.
Sentindo o sol da tarde enfraquecer e dar lugar a um vento frio que nos impelia ao aconchego, rumamos de volta à pousada. O dia seguinte guardava novas surpresas e descobertas que só fariam aumentar o encanto. Esse relato fica para o próximo post.
Galeria de fotos: Porto Alegre e Gramado
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Lá e de Volta Outra Vez: A pousada — uma casa de hobbits
Impossível não fazer a referência à obra de J. R. R. Tolkien (O Senhor dos Anéis) sobre a viagem ao Sul. A referência não é gratuita, pois vale o destaque para a Pousada Casa Branca (www.pousadacasabranca.tur.br) – que hoje se tornou o Hotel Provence Gramado Tissiani (www.provencegramado.com.br), onde ficamos hospedados. Localizada próxima ao centro de Gramado, a pousada é muito aconchegante e acolhedora. O ambiente interno revestido de madeira, com poltronas e decorações coloniais, remete às moradas dos hobbits. Impossível entrar ali e não imaginar o velho Bilbo perambulando pelos corredores. Até o proprietário, Sr. Rogério, possuía certa semelhança com os personagens de Tolkien. Com um jeito bonachão e sossegado, foi extremamente receptivo e não poucas vezes juntou-se a nós para boa conversa noite adentro. Sem falar nos cafés da manhã inesquecíveis. Recomendo essa pousada de olhos fechados.
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Emerson
Agora eu quero morar em Gramado. O problema só vai ser o frio.