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Viagem à Serra Gaúcha (Parte III)


Continuo o relato sobre minha estada na Serra Gaúcha (leia aqui a parte 1 e parte 2). Após o encanto perambulando pelas ruas de Gramado, viríamos a descobrir novos e espetaculares lugares. Em nosso segundo dia lá, visitamos muitos locais diferentes. Não gosto de fazer isso, pois o tempo cronometrado torna-se um inimigo – nos lugares que gostamos, o relógio voava; nos que não nos atraíram, parecia uma eternidade. Enfim, excursões servem para dar uma visão geral de tudo e escolher para onde voltar depois.

Rumamos cedo para Canela – coisa de quinze a vinte minutos de viagem. Outra cidade deslumbrante. Talvez não com o mesmo glamour de Gramado, mas de construções similares e tranquilidade idem. Arrisco dizer que a cidade possui um ar mais ‘interiorano’, se é que faz sentido quando comparamos cidades de trinta e poucos mil habitantes.

Entrada do Castelinho Caracol

Nossa primeira parada, o Castelinho Caracol (www.castelinhocaracol.com.br), me encantou de imediato. O céu de um azul intenso e sem nuvens e o frio agradável da manhã conferiam ao cenário um ar de conto de fadas. O lugar mais parece uma casa dos Alpes do que um castelo. Foi construído entre 1913/1915 e hoje é um museu (no piso superior) e casa de chá (no térreo). Logo ao entrar levei dois baques: um forte aroma de apfelstrudel permeava os cômodos, enquanto animadas músicas tradicionais alemãs enchiam o ambiente – difícil descrever a sensação, é como se estivéssemos em outra realidade. Por um instante eu realmente me senti nos Alpes. E deliciei-me ao ouvir a Kalinka em alemão (só conhecia a tradicional russa) – para quem não conhece a música original, você provavelmente já a ouviu como um dos temas do jogo Tetris.

Infelizmente deixamos passar o strudel, mas tomamos um chá de maçã que caiu perfeito. O andar térreo, bem decorado e de cores vivas, lembrava uma casa de bonecas; enquanto o piso superior, com móveis, roupas e objetos preservados nos fez voltar no tempo. Esta será uma parada obrigatória quando retornarmos à região.

[singlepic id=58 w=320 h=240 float=right]De lá rumamos para o Parque do Caracol (www.parquedocaracol.com.br). Belíssima região localizada entre áreas de mata de araucárias com várias atividades de lazer e contato com a natureza. A grande atração é a Cascata do Caracol, que despenca em queda livre de 131 metros por rochas basálticas – é visão de tirar o fôlego. Há vários mirantes que oferecem boa vista da paisagem, mas se quiser realmente se impressionar, recomendo a torre de observação no início do caminho. Com 30 metros de altura, ela oferece uma visão em 360º de todo o parque. Para nós, subir a torre foi aventura à parte. Após relativa espera na fila, quando chegou nossa vez, o elevador quebrou, deixando-nos a opção de esperar a manutenção ou subir a pé os 30 metros por escadas íngremes e vazadas. Como o tempo era escasso, optamos pela escada. Valeu a pena, a vista é espetacular. Ficamos alguns minutos ali e fomos conhecer o resto do parque. Ao descermos o último degrau, o elevador voltou a funcionar. Paciência.

Trilhamos um caminho estreito que ladeava a margem oposta da cascata, descendo por entre as árvores até chegarmos ao último mirante. Dali para baixo, uma escadaria de 927 degraus nos conduziria ao final do vale. Mas o tempo curto nos impediu de nos aventurarmos pela escadaria. Ficará para uma próxima oportunidade.

Ainda em Canela, fomos ao Mundo a Vapor (www.mundoavapor.com.br), mas não foi um passeio que nos atraiu. A entrada do prédio, simulando o acidente de trem ocorrido em Paris, em 1895, é fantástica e chama a atenção. Mas uma vez lá dentro, a menos que você tenha muito interesse pelo funcionamento de máquinas a vapor, não há grandes atrativos. Lojas de souvenires, artesanatos e cafés preenchem o lugar.

Após o almoço, voltamos para Gramado e fomos conhecer o Mini Mundo (www.minimundo.com.br), um parque temático repleto de miniaturas de construções famosas de todo o mundo, em especial castelos e ruas da Alemanha. Esse foi o passeio que mais encantou minha esposa – pra onde olhávamos, ela exclamava: “que liiindooo”. Mas confesso que até eu fiquei encantado com o lugar, pois as maquetes são réplicas perfeitas de suas versões reais, sendo que muitas delas possuem sons ou animações. E impressiona o fato de o parque ser a céu aberto, o que torna a visita ainda mais agradável. Não é um passeio exclusivo para crianças, os adultos também vão se divertir por lá. E como sempre, limpeza, educação e bom atendimento estão inclusos.

Finalmente, encerramos o dia no belíssimo Lago Negro (gramadosite.com.br/hotsite/lagonegro). Mais uma vez Gramado viria a me surpreender com um espetáculo de cores numa paisagem de marejar os olhos. O Lago Negro é um lago artificial em forma de “U”, onde o visitante não consegue enxergar as duas margens simultaneamente, sendo forçado a caminhar pelas margens e, com isso, apreciar a beleza do lugar. A idealização do lago foi de Leopoldo Rosenfeld. No início da década de 40 ocorreu nas proximidades do local um incêndio que destruiu boa parte da vegetação nativa. Sem recursos para evitar a propagação das chamas, Rosenfeld promoveu a abertura de uma vala, que mais tarde veio a se tornar o lago. Existem duas fontes históricas sobre o nome: uma está ligada à proveniência das primeiras mudas das árvores (Floresta Negra, da Alemanha) que foram plantadas no local; e a outra se refere à negritude das águas.

A sensação de paz, serenidade e introspecção que emana do lugar é contagiante. Após o choque com a beleza natural, você sai andando por caminhos cercados de azaleias e a paisagem vai se revelando aos poucos. Naquele final de tarde, enquanto andávamos pelo lago, notamos diversas pessoas chegando com amigos ou familiares – alguns saindo do trabalho, visto que estavam de terno – apenas para sentar no gramado, abrirem suas garrafas térmicas de chimarrão e observarem o pôr-do-sol em silêncio. Não consigo imaginar melhor forma de se terminar um dia. Aliás, em Gramado a qualidade de vida é algo que salta aos olhos e os gramadenses fazem questão de aproveitar o que de melhor a cidade oferece – as atrações não são apenas para turistas.

Algo que reparei por lá e do qual me mantive calado até notar que outras pessoas também repararam é a questão das cores das plantas e da vegetação. Lá, o verde é mais verde, o azul é mais azul, o rosa é mais rosa. A princípio, achei que se tratava de exagero meu – só porque gostei da região não quer dizer que tudo ali é perfeito. Mas, de fato, outras pessoas comentaram a mesma coisa. Isso, provavelmente, se deve ao clima da serra. Mas depois disso, ao olhar plantas e flores em São Paulo, elas me parecem pálidas e incolores comparadas às suas contrapartes gaúchas.

Termino por aqui a terceira parte do relato. Ainda há mais para contar. Muito mais. E cada vez que escrevo sobre a região, o coração aperta de saudade das cores, sons e odores da Serra Gaúcha. Mas descrever a viagem no blog é uma forma de retornar à Gramado, Canela e as outras regiões que tanto nos encantaram. Até a próxima.

Galeria de fotos: Gramado e Canela

Emilio Calil

Empresário, Palestrante e Escritor. ⚡ Fundador do Marketing de Transformação, que emprega técnicas de autoconhecimento e coerência para elevar o espírito de pessoas e empresas.

Ver comentários

  • Olá... acabei de ler seu relato sobre a Serra Gaucha e simplesmente atiça a criatividade e a vontade de conhecer a região. Estou querendo conhecer e após ler suas palavras nao tenho mais dúvida....obrigada...Abraços

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Emilio Calil

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