O decálogo em andamento

A notícia que publiquei a respeito da proibição de propaganda voltada ao público infantil é mais preocupante do que propriamente estúpida – apesar da diferença ser tênue. Convido os leitores do blog a pararem por um minuto e refletirem sobre a gravidade da situação.

Ora, a imprensa, de modo geral, é o último bastião da liberdade de expressão que separa a população de um governo ditatorial. Mesmo que hoje boa parte dos jornalistas esteja a serviço desses próprios governos ditatoriais, desfrutamos de certa liberdade para expressar nossas opiniões em colunas de jornais, TVs, revistas, blogs e afins. Ainda que o jornalismo isento seja uma utopia, restam, aqui e ali, alguns profissionais que sabem fazer um bom trabalho. Cometem erros, sim, mas no geral procuram ser imparciais.

Pois bem, o maior inimigo de um governo corrupto e tirano é a imprensa. Não se pode fazer falcatruas, não se pode conspirar com as Farc, não se pode ajudar o MST, não se pode levar dinheiro nas cuecas sem que algum órgão de imprensa esteja ali, pronto para denunciá-lo. Gente incômoda esses jornalistas, não?

O governo corrupto e tirano, não podendo estender seus braços sobre a população por causa da imprensa, procura uma forma de aniquilá-la sem que isso se pareça com algum tipo de censura. E que melhor maneira de destruir a imprensa do que cercear a fonte que a alimenta?

Com a criação dessa nova lei que proíbe o anúncio de produtos para o público infantil – seja em rádio, TV, revistas ou mesmo na internet – de que viverão os programas infantis? De onde virá o dinheiro para manter, por exemplo, o Cartoon Network no ar? Que emissora decidirá passar um desenho do Pica-Pau ou Naruto se não houver anunciantes que os sustentem? Todo mundo sabe que o faturamento das emissoras provém, em grande parte, de anunciantes de brinquedos, bolachas, chocolates, refrigerantes, lanches, etc. Com a nova lei, o golpe financeiro sofrido pela imprensa brasileira será enorme. O que virá a seguir? Proibição de propaganda de carros e cervejas?

Uma vez que a imprensa sofra o impacto da perda de anunciantes, lhe restarão duas alternativas: a) fechar as portas ou b) aceitar a ‘mão amiga’ estendida pelo governo, oferecendo subsídios em forma de propagandas estatais. Se a imprensa aceitar esse pacto nefasto da segunda opção, terá vendido a alma ao Estado, ficando totalmente à mercê dos desmandos do governo e publicando apenas o que este desejar. Milagrosamente as reportagens sobre as falcatruas desaparecerão e o índice de aprovação dos governantes atingirá a estratosfera. E isso tudo obtido sem se tocar no assunto ‘censura’.

A revista Carta Capital, por exemplo, que já não servia nem para papel higiênico, conseguiu piorar ainda mais. A publicação mentirosa e tendenciosa de Mino Carta agora oferece 50% de desconto em sua assinatura para quem se filiar ao PT. Jornalismo isento e independente é isso aí.

Essa nova lei traz consigo muito mais do que o ódio dos socialistas pelo consumo saudável e pelo livre mercado. Ela traz o anúncio de dias negros e tenebrosos pela frente. Este meu blog, por exemplo, pode deixar de existir com o avanço das ‘benesses’ que o Estado oferece para tomar conta das nossas vidas.

Tudo isso me remeteu ao Decálogo de Lênin, de 1913, que apresentava ações táticas para a tomada do poder sem necessariamente usar de força:

1. Corrompa a juventude e dê-lhe liberdade sexual;

2. Infiltre e depois controle todos os veículos de comunicação de massa;

3. Divida a população em grupos antagônicos, incitando-os a discussões sobre assuntos sociais;

4. Destrua a confiança do povo em seus líderes;

5. Fale sempre sobre Democracia e em Estado de Direito, mas, tão logo haja oportunidade, assuma o Poder sem nenhum escrúpulo;

6. Colabore para o esbanjamento do dinheiro público; coloque em descrédito a imagem do País, especialmente no exterior e provoque o pânico e o desassossego na população por meio da inflação;

7. Promova greves, mesmo ilegais, nas indústrias vitais do País;

8. Promova distúrbios e contribua para que as autoridades constituídas não as coíbam;

9. Contribua para a derrocada dos valores morais, da honestidade e da crença nas promessas dos governantes. Nossos parlamentares infiltrados nos partidos democráticos devem acusar os não-comunistas, obrigando-os, sem pena de expô-los ao ridículo, a votar somente no que for de interesse da causa socialista;

10. Procure catalogar todos aqueles que possuam armas de fogo, para que elas sejam confiscadas no momento oportuno, tornando impossível qualquer resistência à causa.

As opções que temos contra tudo isso são poucas. Quem se atrever a lutar contra essas leis estúpidas oriundas de mentes tacanhas será escorraçado. Sugiro, querido leitor, que comece seriamente a pensar em fazer as malas. Faça isso enquanto ainda se pode sair do país. Senão, é melhor já ir estocando madeira para a construção das jangadas.