Quem decide o que é melhor para seus filhos

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O Ministério Público Federal torna a tema antigo, já discutido anteriormente e que se acreditava resolvido: A presença de brinquedos vinculados a lanches de redes fast food como McDonald’s e Burger King. É o que nos diz a notícia do G1: MPF quer suspensão da venda de brinquedos em redes de fast food

A princípio, você pode considerar um ato nobre, de preocupação do Governo com a saúde dos infantes. Mas para quem sabe ler nas entrelinhas, a mensagem é clara: “Atenção pais, vocês não sabem o que é melhor para seus filhos, então o Governo está assumindo essa função e tomará as decisões por vocês”.

Ora, que me desculpe o procurador da República Marcio Schusterschitz, autor dessa recomendação, mas acredito que ele nunca tenha dado uma volta na praça de alimentação de um shopping. O que mais se vê nas filas dos McDonald’s da vida durante a semana são adolescentes e adultos. Às crianças são reservados os finais se semana, geralmente quando a família inteira resolve fazer o ‘pacote completo’ (almoço + compras + cinema). Ainda assim, nem todas as famílias almoçam em fast food. Que os brinquedos atrelados aos lanches são chamariz, concordo. Mas desconheço família que permita que seus filhos comam todo dia nessas lanchonetes só para ganhar  brinquedo.

O que mais vejo em minhas andanças por shoppings – e de shopping eu entendo um pouquinho – são crianças comendo no mesmo lugar que seus pais escolhem para comer. Vejo muitos protótipos de gente – que ainda nem sabem segurar talheres direito – comendo arroz, bife, macarrão, comida chinesa, peixe, etc. E, é claro, nos fast foods também.

Uma amiga minha faz de tudo para manter seu filho de 2 anos longe de refrigerantes e lanches o máximo que puder. Só suco e comida saudável. E eu não apenas concordo como apóio a decisão! Mas ela sabe que vai chegar a hora inevitável em que ele se encontrará com um Big Mac. Nessa hora, entretanto, ele já terá discernimento o suficiente para saber que os lanches estão longe de ser refeição saudável. Mas vez ou outra, não faz mal. Eu mesmo costumo comer no McDonald’s apenas uma vez por mês. Às vezes nem isso.

Assim, o Ministério Público presume que os pais são criaturas desprovidas de inteligência e cuidado com os próprios filhos (OK, alguns até são mesmo, mas é minoria) e simplesmente resolve arrancar-lhes das mãos o direito de decidir o que a criançada pode ou não pode comer. Tudo isso para camuflar um ódio velado a multinacionais norte-americanas, que costumam ser associadas ao dito ‘capitalismo selvagem’.

Aonde houver ações de marketing bem sucedidas lá estará o Estado exercendo seu totalitarismo, sob pretexto de proteger a pobre população de propagandas irrecusáveis. Claro, investigar como os sujeitos lá da Praça da Sé conseguem vender um lanche de churrasco grego (junto com suco) por R$ 1, ninguém quer. Afinal, trata-se da classe “pobre e trabalhadora” tentando ganhar a vida. Para esses, as vistas grossas do governo.

O que o Ministério Público parece desconsiderar é que existe a maior arma contra propagandas e técnicas de marketing que buscam roubar a alma de nossas indefesas criancinhas: A capacidade dos pais de dizer ‘não’.

Seguir Emilio Calil:
Empresário, Palestrante e Escritor. ⚡ Fundador do Marketing de Transformação, que emprega técnicas de autoconhecimento e coerência para elevar o espírito de pessoas e empresas.

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