Policiamento nas eleições ou policiamento eleitoreiro

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Leio na Folha de hoje que a polícia fez uma blitz na Rua 25 de Março à caça de produtos piratas. Há tempos não acontecia ação desse tipo por lá.

Ontem, indo almoçar com o pessoal do serviço, outra ação policial. Caminhávamos em cinco pela Av. Sumaré quando uma viatura estaciona bem ao nosso lado e um policial, de arma em punho, salta do carro e dá a ordem: “Você aí de blusa e gorro, encosta na parede e mãos para cima!”. Por um segundo, achei que era com um de nós – apesar de ninguém estar de blusa e gorro. Só quando olhei para trás notei um sujeito de jaqueta almofadada e gorro, praticamente a um palmo das minhas costas. Com o sujeito rendido, continuamos andando e notamos, logo na esquina, algumas motos estacionadas e motoboys trajando quase a mesma roupa que o suposto assaltante lá atrás. Na certa ele também era um motoboy.

E na segunda-feira, ao chegar do serviço, estava para guardar o carro em casa quando dois policiais, caminhando à noite pela minha rua, cumprimentam-me e param na porta de casa, esperando até eu entrar. Um dos policiais, notando outro carro estacionado, pergunta: “Conhece o dono desse carro?”. “Sim” – respondo – “é do meu pai”. Então o guarda me avisa que a janela estava aberta. Corri para ver se faltava algo no carro. Nada. Apenas o descuido de um amigo do meu pai, a quem ele dera carona. Os guardas esperaram gentilmente até que meu pai aparecesse e guardasse o carro, e ainda finalizaram: “Há pouco alertamos outra pessoa na rua de cima por deixar a porta do carro aberta. Tomem cuidado e boa noite!”

Ora, polícia combatendo pirataria, abordando pessoas suspeitas em avenidas movimentadas e fazendo rondas noturnas a pé pelas ruas são coisas que não se vê todo dia. A bem da verdade, são coisas que não se vê nunca – a não ser em ano de eleições. Fosse basear meu voto deste ano tomando esses três exemplos como referência, diria que vivemos tempos de Primeiro Mundo, com policiamento intenso que garante a segurança do cidadão e inibe o crime. Mas a realidade é que – independente do vencedor das próximas eleições – contados os votos, os produtos piratas retornarão às lojas, o patrulhamento a pé desaparecerá e correremos o risco de ser assaltados na Av. Sumaré. Sendo assim, meu voto terá o mesmo valor do reconhecimento real dos políticos pela segurança dos cidadãos: nulo.

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Empresário, Palestrante e Escritor. ⚡ Fundador do Marketing de Transformação, que emprega técnicas de autoconhecimento e coerência para elevar o espírito de pessoas e empresas.

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