Continuando meu relato com dicas de Gramado e Canela, falarei aqui sobre outros dos meus lugares diletos. Gramado é, sem dúvida, uma cidade glamorosa, mas nem todas as principais atrações turísticas e gastronômicas estão centralizadas nela. Por isso, rumamos cedo para Canela, onde iríamos apresentar à minha cunhada e sua prima alguns dos lugares que nos encantaram anteriormente.
Naquela manhã fria e nublada, um nevoeiro engoliu a serra e o cenário ficou cinza, não víamos absolutamente nada. Ainda arrisquei infeliz comentário: “Uma das coisas bacanas de Canela é que se pode ver a famosa Catedral de Pedra de onde estiver“. E apontei em direção à catedral… que não estava lá. Na verdade, a própria rua desaparecia poucos metros à frente.
No frio, úmidos e sem enxergar nada, subimos a R. Felisberto Soares (vale olhar as lojas de malhas), que conduz à Praça Matriz, onde fica a Catedral de Pedra. À direita da catedral você verá lojas de artesanatos, cristais e outros souvenires. Nessa rua há um pequeno beco, que leva a uma simpática loja de queijos, vinhos, salames e chocolates. Aproveite para conhecer e provar os produtos. O cheiro do lugar lhe fará querer levar tudo, mas não sobrecarregue as malas, eles enviam para outros estados.
Mais à frente, procure a Eriel Chocolates, uma loja de chocolates artesanais. O lugar é pequeno e fica no fundo de uma galeria, mas não se deixe enganar. Os chocolates são ótimos, variados e com preço imbatível. Além do atendimento acolhedor.
De lá rumamos para um dos meu lugares favoritos na Serra Gaúcha, o Castelinho Caracol (www.castelinhocaracol.com.br).
Construído entre 1913 e 1915, o Castelinho Caracol é uma encantadora casa feita de madeira araucária. Residência do casal Pedro e Luiza Franzen, descendentes de imigrantes alemães, ela foi transformada em 1985 em museu e casa de chá, preservando cômodos, móveis e utensílios originais. O lugar já serviu de locação para novelas como Chocolate com Pimenta e A Vida da Gente.
Sua colorida arquitetura alemã se destaca na região cercada pelo verde da mata nativa e remete a épocas de conto de fadas dos alpes austríacos. Permita-se alguns momentos de contemplação antes de entrar. Não vá com pressa. Se você, como eu, ama história, desejará aproveitar cada segundo com calma.
Importante ressaltar que o Castelinho, por ser também um museu e não apenas casa de chá, cobra entrada dos visitantes — em setembro de 2013 o valor era de R$ 10 por pessoa. Há quem reclame, mas não entende que a preservação da casa tem custo. Ah, sim, eles não aceitam nenhum tipo de cartão, então, leve dinheiro.
Lá dentro, encante-se com os cômodos — destaque para a belíssima sala de jantar com mesa giratória. No andar de cima você visita os quartos e tem uma visão espetacular da região.
Duas coisas marcam o Castelinho: o cheiro do apfelstrudel e do chá de maçã que permeiam o ambiente, e a animada música alemã que, juntos, criam uma atmosfera mágica.
Se o aroma é espetacular, o sabor é divino. Você provará ótimos apfelstrudels na Serra Gaúcha, mas não poderá dizer que provou “O” strudel sem ter ido ao Castelinho. A tradicional e secreta receita alemã faz jus à fama. Ele é servido em duas versões: com sorvete de creme ou nata. Peça com nata! E não esqueça do chá.
Ande também pela área externa. Caminhe pelo galpão e pelas casinhas menores para se perder no tempo. Para finalizar o conto de fadas, desça para trás do Castelinho e surpreenda-se com a paisagem, onde um tranquilo riacho corta a propriedade e antigas taipas (os murinhos de pedra) riscam o cenário, desaparecendo ao longe junto com sua imaginação.
E deixo meus agradecimentos à Martina Bethge Corrêa, bisneta do casal Franzen e administradora do Castelinho, com quem troquei alguns e-mails antes de viajar e se mostrou sempre muito solícita.
Voltando a Gramado, fechamos o dia com chave de ouro elegendo o charmoso bistrô Josephina (josephinacafe.com.br) para o jantar.
O Josephina está localizado na rua Pedro Benetti, nº 22, no centro de Gramado, bem ao lado da igreja de São Pedro. É parada obrigatória para quem quer comer bem. Nós já o conhecíamos da outra vez, quando paramos ali para uma sobremesa — inesquecível, diga-se de passagem. Mas ficou a vontade de jantar lá, o que realizamos desta vez.
O lugar é encantador e aconchegante. A decoração remete aos bistrôs parisienses e a música ambiente (um suave jazz) complementa o clima romântico e intimista. De certa forma ele lembra muito um lugar que adoramos em São Paulo, o Blú Bistrô, mas com a diferença de que você pagará muito menos pela mesma qualidade — é a prova de que é possível oferecer um serviço fino e diferenciado a preços acessíveis.
Para aquecer a noite, experimentamos um festival de sopas acompanhado por um Duetto da Casa Valduga, bom vinho da Serra Gaúcha. Eu me concentrei apenas na sopa de cebola, que é divina. Minha esposa e nossas companhias optaram pelo especial da noite: você escolhia três sabores do menu e eles iam servindo a sequência. O problema é que, ao chegar no segundo sabor, você já está bem satisfeito. Vale destacar ainda o caldo de feijão preto. Ah, boas lembranças…
O Josephina é perfeito para se ir sozinho, com bom livro debaixo do braço. Ou a dois, para trocar olhares à luz de vela. Ou em quatro ou seis pessoas, para debater os problemas do mundo ou jogar conversa fora. E o serviço também merece ser elogiado. A mocinha que nos atendeu (e da qual não lembro o nome) foi extremamente simpática e divertida, oferecendo-se para tirar fotos e mantendo uma conversa sincera.
O balcão de doces é um show à parte. E com muito esforço deixamos passar a sobremesa. Enfim, se estiver em Gramado, vá ao Josephina. Seja para almoçar, jantar, comer um doce ou mesmo para um café enquanto relaxa e aprecia o movimento na rua.
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